Jornal Estado de Minas

MP avalia se denuncia skinhead que aparece em foto enforcando morador de rua na Savassi

Nessa segunda-feira, Centro Nacional de Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua (CNDDH) enviou uma moção de repúdio ao órgão pedindo medidas contra o agressor

João Henrique do Vale
A imagem polêmica foi postada no Facebook do agressor na última sexta-feira - Foto: Reprodução Facebook

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) avalia se vai denunciar um jovem de 25 anos que postou uma foto polêmica no Facebook e causou a revolta de internautasA imagem, onde o homem que se identifica como skinhead na própria rede social aparece enforcando um morador de rua em plena Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, se espalhou rapidamente pela internetNessa segunda-feira, o Centro Nacional de Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua (CNDDH) enviou uma moção de repúdio ao ato para a Promotoria de Direitos Humanos

O CNDDH ficou sabendo do fato pela imprensa e encaminhou o caso ao MP“Nosso objetivo é combater a violência contra as pessoas em situação de rua e catadores de material reciclávelTodas as denúncias que recebemos com esse teor de possibilidade de crime nós encaminhamos para a Promotoria de Direitos Humanos para pedir providênciasCom esse fato não foi diferente”, explica a advogada do CNDDH, Maria do Rosário de Oliveira Carneiro

De acordo com MPMG, a representação chegou ao órgão nesta terça-feiraO documento será entregue a um promotor de Justiça que vai avaliar se oferece ou não denúncia contra o jovemMesmo assim, o Centro Nacional já começou uma investigação paralela“Estamos tentando contato com o morador de rua agredido e com pessoas da região que possam ter visto o fato”, disse a advogada


A polêmica se iniciou na última sexta-feiraO jovem, identificado na rede social como Donato di Mauro, colocou a imagem e escreveu na legenda: “Quer fumar kraquinho? (Sic.) Em meio a praça pública cheio de criança? Acho que não”, disseEm seguida, o jovem colocou outro comentário onde critica o governo e a sociedade“Já me acostumei...Falsos democratas, sociedade libertina, policiais corruptos, direitos humanos e por ai vai..O velho pão e circo para o povo humanista”, afirmou.

A imagem ficou pouco tempo no ar e depois foi retirada pelo próprio autorPorém, a foto foi colocada em outros perfisVários internautas mostraram indignação“Choro quando vejo esse tipo de coisa não de tristeza, mas de revolta por saber que essa não será a última pessoa a ser agredida por crime de ódio em nossa sociedadeEste tipo de coisa acontece pelo simples fato de o poder público não tomar medidas severas com quem faz esse tipo de coisa”, comentou Hemerson Luiz De Morais DiasJá o internauta Diego Henrique Penafort ficou revoltado com a omissão das pessoas que assistiram a cena
“Como disse o nobre amigo acima, todos os presentes quiseram apenas assistirInterferir tomar atitude, fazer a diferença ninguém fez”

No perfil do skinhead, que foi retirado do ar poucas horas depois de o fato ter tomado repercussão, o jovem ainda deixou um recado para a imprensa“Não tenho nada a dizer a vocês da mídia, aonde claro, sempre vão distorcer tudoNão me procurem mais, não terão a entrevista para vender suas mentiras com seus jornaizinhos baratos cheio de sangue”, escreveu

UFMG ainda investiga trote polêmico na Faculdade de Direito - Foto: Facebook/Reprodução

UFMG

Em março deste ano, um outro ato de preconceito e com citações nazistas causou polêmica em Belo HorizonteAlunos de direito da UFMG pintaram uma estudante com tinta preta durante um troteA garota aparece em imagens acorrentada e puxada por um veteranoEla ostenta uma placa com os dizeres “caloura Chica (Sic) da Silva”, em referência à famosa escrava que viveu em Diamantina no século 18, liberta após se envolver com um contratador de diamantesEm outra foto, um calouro está amarrado a uma pilastra enquanto outros três estudantes fazem uma saudação nazistaUm deles pintou um bigode semelhante ao do ditador alemão Adolf Hitler.

Nessa segunda-feira, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) divulgou uma nota repudiando o ato e pedindo explicações à UFMGNo documento, o CNPIR considerou que a fotos dos estudantes “remete-nos à prática recorrente de menosprezo e depreciação da mulher negra”Além disso, destacou que “ a situação oportuniza a observação de diferentes elementos da ação racista, discriminatória: a depreciação da imagem da pessoa negra, que é representada como objeto de escárnio e menosprezo; a inferiorização e desumanização da estudante negra, pintada de piche e puxada pelo aluno branco por uma corrente atada ao pescoço da escrava.”

A UFMG informou que já elabora um documento para informar quais as medidas já foram tomadas para investigar o ocorrido