Jornal Estado de Minas

Parque Municipal ganha novo espaço cultural e reforma do Chico Nunes

Governo do estado e prefeitura se unem para atender um antigo pedido da população, de construção de espaço multiuso. Município inicia em 30 dias revitalização do Francisco Nunes

Gustavo Werneck
Em fase de demolição, Colégio Imaco dará lugar ao novo equipamento cultural - Foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press
Cultura e natureza vão caminhar juntas e totalmente integradas ao Parque Municipal Américo Renné Giannetti, na Região Centro-Sul de Belo HorizonteA união será possível graças à construção de um novo equipamento, o Espaço Multiuso, no lugar do antigo Colégio Imaco, em fase de demolição, e a restauração do Teatro Francisco Nunes, fechado há quatro anos, atendendo uma reivindicação da classe artística e do público“As obras do teatro vão começar dentro de 30 dias, fruto da parceria entre a prefeitura e uma operadora de planos de saúde, por meio do programa Adote um bem culturalO custo será de R$ 10 milhões”, disse, na manhã de ontem, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), ao participar, no parque, ao lado do governador Antonio Anastasia, da assinatura da ordem de serviço para o Espaço Multiuso


Projeto arquitetônico do novo espaço é assinado pelo arquiteto Gustavo Penna - Foto: Perspectiva Com projeto do arquiteto Gustavo Penna e demandando recursos de R$ 15 milhões – R$ 13,5 milhões do governo de Minas e R$ 1,5 milhão da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) –, o Multiuso tem previsão de ficar pronto em um ano“Trata-se de uma obra emblemática para todos nós, pois o parque punicipal é um espaço democrático e terá sua importância mais destacadaO projeto foi elaborado entre 2007 e 2008, teve processo de licitação há mais de um ano, mas enfrentou dificuldades, na época, para obter financiamento no Ministério do TurismoDessa forma, o governador Anastasia entrou como parceiro”, disse o prefeito.

Lembrando que o prédio onde funcionava o Colégio Imaco estava desativado há quatro anos, o governador disse que vê a obra “de maneira vibrante” e a considera “um ponto positivo” para a cidade, que vem recebendo equipamentos culturais e terá outros abertos no segundo semestre, como o V & M Brasil Centro de Cultura, ex-Cine Theatro Brasil, na Praça Sete“Tínhamos aqui uma estrutura de educação, que será substituída por uma construção urbana mais adequada às artes, concertos e manifestações populares”, disse Anastasia, lembrando que o Palácio das Artes também está sendo restaurado“Assistimos a um renascimento em BH, que mostra a sua vocação cultural”, disse

O espaço estará interligado ao patrimônio ambiental do parque, permitindo ao visitante uma integração natural e sem barreiras. - Foto: Perspectiva Segundo o prefeito, a gestão do Espaço Multiuso será da Fundação Municipal de Cultura (FMC), embora o Américo Renné Giannetti seja administrado pela Fundação de Parques Municipais

Com área construída de 2 mil metros quadrados, sendo metade na arena cultura e a outra na esplanada que a circunda, o equipamento terá palco para shows e plateia com capacidade para 3 mil pessoas“Éum varandão totalmente integrado ao meio ambiente”, disse o arquiteto Gustavo PennaEle afirmou que a edificação dará acesso a uma biblioteca, cafeteria e outros serviços

DIÁLOGO O presidente da Fundação de Parques Municipais, Homero Brasil, destacou que o projeto tem importância ambiental, pois terá um palco definitivo, o que impedirá que carretas entrem e saem do parque para montar estruturas para shows, além do aspecto cultural“O prédio do Imaco está desativado desde 2009“Temos, assim, um diálogo entre os dois setores”, disse BrasilO presidente da FMC, arquiteto Leônidas Oliveira, considerou essa “arena de cultura” um lugar permeável, onde o verde e as artes se integram“As decisões são muito importantesEsse espaço e o Teatro Francisco Nunes ampliam a ocupação cultural”, garantiu a secretária de estado da Cultura, Eliane Parreiras.

No fim da década de 2000, causou polêmica o projeto de demolição do Colégio Imaco, inaugurado em 1952, na gestão de Américo Renné Ginnetti (1951 a 1954)“Na época fui contra, mas vejo agora que esse projeto é sinérgico
Acho fundamental unir ecologia e cultura”, disse o zoólogo, ambientalista, escritor e teatrólogo professor Ângelo Machado, que participou da solenidade.


ÍCONE DO PARQUE
O Teatro Francisco Nunes, no Parque Municipal, no Centro de BH, é considerado de porte médio, com 530 lugaresHá quatro anos, ele foi fechado para reforma da estrutura do telhadoO cenógrafo e arquiteto Raul Belém Machado (1942-2012) criou o novo projeto visualChamado no início de Teatro de Emergência, a casa foi inaugurada em 1950, pelo então prefeito Otacílio Negrão de LimaNa época, a capital se encontrava carente de teatros: o antigo Teatro Municipal havia se transformado no Cine Metrópole, demolido em 1983, e o Palácio das Artes ainda estava em construçãoO nome do teatro é uma homenagem ao clarinetista e maestro mineiro Francisco Nunes (1875-1934), que criou a Sociedade de Concertos Sinfônicos de BH e dirigiu o Conservatório Mineiro de MúsicaO palco também abrigou o nascimento do moderno teatro mineiro em suas mais variadas tendências, como os trabalhos de João Ceschiatti, João Etienne Filho, Jota Dangelo e Haydée Bittencourt.