Minas Gerais lidera disparado o ranking dos estados com maior número de notificaçõesSegundo o ministério são 133 mil, e 37 mortes, mas a Secretaria de Estado de Saúde divulgou na quinta-feira um número já maior de notificações: 165 milO estado está à frente de São Paulo, que tem 93,9 mil registros; Goiás, com 84,13 mil; e Mato Grosso do Sul, com 73,8 mil notificaçõesO Distrito Federal tem 2.604 notificações até agora, mas o número é considerado alto: cinco vezes maior que os 477 casos do ano passado.
A primeira epidemia documentada no Brasil, segundo o MS, foi em Boa Vista (RR), nos idos de 1981 e 1982, com os sorotipos DEN-1 e DEN-4Atualmente, quatro sorotipos de vírus da dengue circulam no país, sendo que o DEN-4 não era registrado há cerca de 30 anos, por isso muitas pessoas não têm imunidade contra eleEssa é uma das hipóteses, inclusive, para o aumento de notificações da doençaNas duas últimas décadas, segundo dados do ministério, o Brasil registrou quatro grandes epidemias de dengue: em 1998, com prevalência do sorotipo 1; 2002, com prevalência do sorotipo 3; 2008, predominância do DEN-2; e, em 2010, o DEN-1.
De acordo com a pesquisadora e professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Erna Kroon, ainda não há estudos que mostrem a diferença de sintomas de cada tipo de vírus da dengue“Os diagnósticos sempre foram feitos como dengue
No caso da dengue hemorrágica, forma mais grave da doença, os principais sintomas são sangramentos em locais como gengivas e nariz, ou até mesmo nas fezes e na urina, além de dor abdominal“Nessa forma da dengue, o mecanismo de coagulação do sangue sofre uma alteração e, por isso, ocorrem hemorragias que podem ser leves ou até mesmo um extravasamento de líquidos dos vasosEsse líquido vai fazer falta na corrente sanguínea e quando há desequilíbrio a pessoa pode ter uma redução de pressão no sangue”, explica ErnaA pesquisadora diz que os sintomas são uma forma de o organismo tentar se livrar do vírus“Em boa parte dos casos, os sintomas não são por causa do vírus, mas sim uma resposta a eleO vírus infecta e o organismo tem que se defender
De repouso
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Um dos maiores mitos em torno do mosquito é de que todos os insetos da espécie Aedes são transmissores da dengueDe acordo com o pesquisador do setor de malária da Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz-MG), Luciano Andrade, os mosquitos não nascem com o vírus“Apenas as fêmeas que transmitem o vírus e, em média, um em cada mil mosquitos estão infectados”, dizCerca de 70% dos casos da doença no Brasil concentram-se no período de chuvas, entre janeiro e maio, com exceção das regiões Norte e Nordeste, nas quais as chuvas começam mais tardiamente e se estendem até julhoNo entanto, de acordo com o Ministério da Saúde, o país tem condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito durante todo o anoO grande problema é que o Aedes aegypti se adapta facilmente às mudanças climáticas e a fêmea coloca ovos em locais com água e sombra, diferentemente de outras espécies, cuja postura ocorre em único local.
E mais: o ovo do mosquito da dengue pode sobreviver até um ano sem contato com a água e, se for molhado, eclodeSe ele estiver contaminado com o vírus da dengue, a situação se agravaO inseto contrai o vírus ao picar um ser humano com a doençaEsse vírus leva de 10 a 15 dias para se desenvolver no organismo do mosquito, vai para o estômago dele e depois para as glândulas salivaresNessa fase, ele já é um transmissor“Há esse tempo de incubação (de 10 a 15 dias)Se ele picar alguém doente e logo depois picar outra pessoa, ele ainda não vai transmitir a doença naquele momento”, explica o pesquisadorDe acordo com Luciano, há ainda a hipótese genética de a fêmea passar o vírus para os filhotes“Mas não há nada confirmado cientificamente”, destaca.
Segundo o pesquisador da Fiocruz, as principais características do Aedes aegypti são as patas listradas e uma figura nas costas semelhante a uma lira (instrumento musical)Ele tende a ficar perto do ambiente onde tem abrigo, alimento e proteção – água limpa e parada, onde deposita seus ovosQualquer reservatório pode ser um local em potencial para a reprodução do Aedes: desde os tradicionais pratinhos de planta, passando pelos vasilhames de água de animais e até uma tampinha de garrafa que esteja acumulando águaA fase ovo dura cerca de duas semanasQuando nasce, a larva sobrevive por cerca de uma semana até se tornar adulta, na fase mosquito“Ele costuma ter uma vida útil de cerca de 30 dias na natureza”, acrescenta.
O inseto não voa muito altoAinda assim, quem mora em andares superiores de prédios não está livre do problema“Ele pode voar para longe em corrente de ar, caso haja um vento forteMas essa dispersão é muito baixaO mosquito pode também subir pelo elevador junto com as pessoas”, afirma.