Jornal Estado de Minas

Impasse

Câmara Mineira do Livro e Fagga prometem ação devido ao cancelamento da Bienal do Livro

Câmara Mineira e empresa de eventos querem que Estado arque com prejuízos do cancelamento da feira em 2012, quando parte do telhado do Expominas caiu

Paula Sarapu
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A Câmara Mineira do Livro e a Fagga/GL events Exhibitions, empresa que realiza a Bienal do Livro em Belo Horizonte, prometem processar o governo do estadoUma ação conjunta indenizatória vai cobrar na Justiça a reparação dos prejuízos causados pelo encerramento das atividades do ano passado dois dias antes do prazo previstoEm 25 de maio de 2012, parte do telhado do Expominas cedeu e desabouA estrutura atingiu alguns estandes e o Corpo de Bombeiros interditou o local por questões de segurançaÀ época, a direção operacional da Prominas, que administra o centro de convenções, garantiu a compensação, o que até agora não ocorreu, segundo a empresaO prejuízo foi de R$ 895 mil e a ação indenizatória será impetrada até a segunda quinzena de abrilA Prominas informou que atende as condições contratuais com a Fagga e que os termos da tramitação já foram apresentados à empresa de eventosO impasse gera insegurança inclusive para a realização da Bienal do Livro em 2014.

O presidente da Câmara Mineira do Livro, Zulmar Wernke, diz que as negociações se iniciaram logo após o evento, há 10 mesesHouve uma troca na gestão da Prominas e as conversas passaram a envolver secretáriosEm última instância, os expositores decidiram entregar um ofício ao governador Antonio Anastasia, no mês passado.

“Ficamos reféns de um espaço com valores agregados que aquele lugar temO Expominas foi feito para isso e o governo tem uma dupla responsabilidade: atender os envolvidos e honrar o propósito para o qual o centro de convenções foi construído
Planejamos que a bienal seja realizada no mesmo lugar, mas esse impasse ameaça o evento e é uma grande vergonha para Minas, até porque ainda não foi tomada nenhuma solução para resolver o problema estrutural”, afirma Wernke.

Prejuízo

A organização do evento cobra ressarcimento dos valores gastos com hospedagem, passagem e alimentação de escritores convidados para o evento e grupos artísticos que se apresentariam naqueles dois dias de fim de semanaOs cálculos chegaram a R$ 1,2 milhão, incluindo locação de equipamentos e custos de pessoal, mas a Câmara já chegou até a propor alternativas.

“Até agora, foi uma verdadeira sagaQuando o pavilhão foi interditado por determinação dos bombeiros, o então gestor operacional disse que tudo seria feito para que os expositores não fossem prejudicados e os prejuízos, indenizadosConsideramos que havia um compromisso”, lembra o presidente da Câmara Mineira do Livro

Por meio de nota, a Fagga informou que a “ação se deve ao fato do descumprimento da promessa do Governo do Estado de Minas Gerais, que declarou que iria ressarcir a organização do evento e os expositores, de forma que ninguém teria prejuízo com o encerramento antecipado do evento de 2012”Segundo a vice-presidente da Prominas, Cristiane Serpa, a empresa tem economia mista e uma série de exigências a serem cumpridas, conforme a lei de licitações e contratos da administração pública“O que posso dizer é que está em processoDe qualquer forma, não fomos notificados de nenhuma ação”, limitou-se a dizer a representante do órgãoQuestionada sobre prazos para pagamento da indenização, ela disse que não tinha essa informaçãoOs últimos dois dias da bienal eram um fim de semana
Leitores e famílias vieram do interior e até outros estados para participar, mas se depararam com os portões fechados

Entenda o caso

Em 25 de maio de 2012, um temporal que atingiu Belo Horizonte causou infiltrações no forro do teto do Expominas e parte da estrutura cedeu, caindo de uma altura de 15 metrosAs placas do forro pesavam cerca de 15 quilos cada e uma vistoria dos bombeiros interditou todo o lugarEm janeiro daquele ano, a empresa de engenharia Via Técnica venceu uma licitação para instalar uma manta impermeabilizante no telhado do Expominas, vedando as goteiras existentesAs obras começaram em meados de abril e seguiriam até setembro, justamente para conciliar com o período de secaUm dia depois do incidente, o então diretor operacional da Prominas, Estevão Fiúza, afirmou que os operários perceberam a concentração de nuvens carregadas e fizeram um isolamento especial com soldas na parte aberta, que não estava terminada, para evitar que goteiras atrapalhassem a Bienal no dia seguinteSegundo ele, o isolamento feito pela empresa contratada não foi suficiente para suportar a chuva.