Desde que a filha de 18 anos foi diagnosticada com dengue hemorrágica, no início do mês, a empresária Ana Teresa Borges se tornou uma “neurótica assumida”, como ela mesma se defineMoradora do Bairro Sion, na Região Centro-Sul da capital, a mulher diz que entrou em pânico durante o período em que a jovem Luísa Borges ficou doente“Minha filha teve de ficar internada por quatro dias e ficou muito debilitada por causa dos sintomas.” Depois que Luísa saiu do hospital, a mãe começou a investigar maneiras de impedir que o mosquito entrasse em sua casaNa sala, um pequeno prato com limão e cravos-da-índia divide espaço com a decoração“Vi a receita em uma rede social e decidi fazerDizem que o cheiro espanta o mosquito da dengueNem sei se funciona, mas acho que vale tudo para que ninguém da minha família fique doente de novo”, acredita
Cardíaca e diabética, a aposentada Gessy Ayrola Soares, de 71, também tem medo de voltar a ser vítima do Aedes aegyptiSem saber se realmente funciona, colocou alguns cravos-da-índia em um vidro de álcool e passa a mistura na peleElatambém usa uma raquete elétrica para matar o inseto transmissor“À tarde, passo a raquete perto da janela e caem vários mosquitos.”
Prevenção
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e especialista em entomologia Ricardo Lourenço, esclarece que esse tipo de medida é válida como prevenção, mas não tem a capacidade de controlar uma epidemia“São ações paliativas, que, em alguns casos, podem diminuir por instantes a chance de um indivíduo ou um grupo de pessoas ser picadoMas o uso de receitas caseiras ou repelentes não é capaz de eliminar o mosquito”, explicaEle alerta ainda que o uso exagerado de repelente pode causar alergias ou intoxicação e que a utilização de inseticida não é recomendada, já que pode tornar o mosquito resistente ao produto
Para o infectologista da Faculdade de Medicina da UFMG José Carlos Serufo, a prevenção contra a picada do mosquito é importante, mas a população deve dar mais atenção à eliminação dos focos de proliferação do transmissor
O que usar?
Especialista da Fiocruz Ricardo Lourenço explica o que vale e o
que é mito para evitar a doença
Funciona:
>> Repelente - eficaz para evitar, temporariamente, a picada do mosquitoIndicado para pessoas que vão viajar para locais com alta incidência do transmissorDeve ser usado com moderação
e pode causar alergia.
>> Citronela - Planta que é usada em sua forma natural ou em óleos, cremes e velas e tem função repelentePode diminuir, por alguns instantes, as chances de picada em ambientes onde esteja sendo usado.
Não funciona:
>> Misturas com cravo-da-índia - Não há comprovação de que o aroma da especiaria espante o mosquito.
>> Raquete elétrica - Não reduz o risco de contaminação pelo vírusO equipamento é capaz de matar o mosquito, mas atinge um número muito pequeno de transmissores
Evite:
>> Inseticida aerosol: Não é aconselhávelPode tornar o mosquito resistente à substância e em excesso pode provocar intoxicação.
Secretaria descarta morte
A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte descartou ontem a possibilidade de que a paciente L.M.B., de 26 anos, que estava grávida, tenha morrido em decorrência da dengueSegundo o órgão, depois de realizados exames laboratoriais, a causa do óbito foi apontada como choque séptico devido a infecção bacteriana uterinaNo entanto, a assessoria de comunicação da Santa Casa informou que ainda não é possível definir qual doença causou a morte de L“A paciente apresentou quadro pré-existente de infecção uterina aliado ao diagnóstico de dengue, ambos confirmados por exames feitos no hospitalNão é possível afirmar que o óbito foi causado apenas por um desses fatores”, informou o hospital.