Jornal Estado de Minas

Alerta em BH: Mais de 200 pessoas já encontraram escorpiões em casa em 2013

Todo mês, cerca de 100 pessoas são intoxicadas pela picada do animal, em Belo Horizonte. No período de chuvas, a incidência é ainda maior.

Administrador captura escorpião dentro de casa no Bairro Padre Eustáquio - Foto: Wilde Fernandes/Divulgação
Em janeiro deste ano, o auditor e administrador Wilde Fernandes, de 39 anos, morador do Bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de Belo Horizonte, foi acordado durante a madrugada pelo latido desesperado da cadela deleInicialmente, pensou que se tratava de um ladrãoAo acender a luz, descobriu que era outro tipo de invasor muito perigoso: um escorpião amarelo.

“Nessa época, tinha acabado de ocorrer aquele acidente em Ituiutaba, em que uma criança de três anos morreu após ser picadaFiquei aterrorizado, pois tenho duas crianças, de 4 e 2 anos, e a picada pode ser mortal para elas.”, conta.

Wilde tomou as medidas necessárias imediatamenteAcionou a prefeitura, dedetizou a casa com veneno apropriado e colocou tela nas saídas de água, além de manter o quintal sempre limpoMesmo assim, os escorpiões continuam a aparecer frequentemente na casa deleDa última vez, na semana passada, o aracnídeo foi visto próximo aos brinquedos das crianças A cadela Nina foi picada e quase morreu.

O caso de Wilde não é fato isoladoLevantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) mostra que, nos dois primeiros meses deste ano, foram atendidos 265 moradores para controle de escorpiõesDesse total, a maioria foi da Regional Norte (104), seguido pelas regionais Centro Sul (31), Nordeste (28), Venda Nova (25), Pampulha (22), Oeste e Nordeste (15), Leste (14) e Barreiro (11)No ano passado, foram 1.731 atendimentos, sendo a maioria na Regional Centro Sul (292), seguida pelas regionais Norte (290), Nordeste (286), Pampulha (250), Noroeste (212), Leste (156), Venda Nova (140), Oeste (87) e Barreiro (18).

Outro dado preocupante é a quantidade de vítimas de intoxicação pela picada de escorpiões
Dados da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) mostram que, de agosto de 2012 a fevereiro deste ano, 1.067 pessoas foram atendidas por picada de animais peçonhentos no Hospital de Pronto Socorro João XXIII, uma média de 152 pacientes por mês.

Segundo o DrDélio Campolina, Clínico e Coordenador de Toxicologia, a causa de aproximadamente 65% dos atendimentos é picada de escorpião“São cerca de 2 a 4 pacientes por dia, sem contar as vítimas que são orientadas por telefoneA maioria é picada pelo escorpião amarelo, é raro ver um caso envolvendo outra espécie”, relata.

Saiba como identificar o escorpião amarelo


Cadela foi picada pelo escorpião - Foto: Wilde Fernandes/DivulgaçãoNo Brasil, existem cerca de 160 espécies de escorpiõesA mais comum na Região Sudeste, devido à fácil adaptação a ambientes urbanos, é a Tityus Serrulatus, o escorpião amareloEle mede até 7 cm de comprimento, possui as costas marrons e as patas e a calda amarelasSeu veneno é o mais tóxico.

Segundo o especialista em escorpiões Anderson do Carmo, Mestre em Genética, uma das condições mais favoráveis para o aparecimento do animal é a presença de presas como baratas, por exemplo, principal alimento do predadorEm dias de chuva, a atenção deve ser redobrada“Como vivem em esgotos, a chuva inunda o esconderijo deles, fazendo com que saiam à procura de locais escuros, sujos e entulhados”, alerta.

O maior perigo que o escorpião oferece é para menores de 14 anos“A maior taxa de mortalidade ocorre nessa fase, quando as crianças são mais sensíveis à picada, uma vez que elas têm uma massa corporal menor e o sistema imunológico não é totalmente desenvolvido”, explica.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) demonstram que, no ano passado, 29 pessoas morreram por acidentes com escorpiões em Minas Gerais

Neste ano, sete mortes já foram registradas

Cuidados para evitar o aparecimento de escorpiões


- Use telas ou manter fechados os ralos de pias, tanques e banheiros;

- Proteja soleiras das portas com borrachas ou sacos de areia;

- Elimine frestas nas paredes, muros, pisos, tetos, janelas e portas;

- Vistorie quintais com material de construção;

- Agite sapatos, roupas e panos úmidos antes de usar;

- Elimine baratas, alimento preferido do escorpião;

- Mantenha limpas e vedadas as caixas de gordura, esgoto, de redes elétrica e telefônica;

- Não elimine lagartixas, elas são predadoras naturais do escorpião;

- Não acumule lixo e entulho;

- Conserve camas e berços afastados, no mínimo, dez centímetros da parede e evite que lençóis toquem o chão.

Atenção: Se encontrar um escorpião, não tente, de forma alguma, pegá-lo com as mãos e nem pisar neleA forma mais segura é capturar o animal com um poteEm seguida, entre em contato com o Controle de Zoonoses de sua Regional por meio do SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão) pelo telefone 156.

O que fazer em caso de acidentes com escorpiões

- Procure imediatamente o serviço de emergência do Hospital João XXIII; (Quanto mais rápido é iniciado o tratamento, menos sintomas vão aparecer e menor a chance de morte)

- Não use remédios caseiros e não se automedique;

- Capture o animal, vivo ou morto, com um pote, para que a espécie possa ser identificadaDessa forma, será possível avaliar a gravidade do acidente e identificar o soro adequado para combater o veneno.


Colaboraram Benny Cohen e Renata Stuart