O posicionamento geográfico e a facilidade de voos clandestinos fazem do Triângulo Mineiro uma rota do tráfico internacional. As quadrilhas desembarcam com entorpecentes na região e distribuem a droga para capitais brasileiras. Mais uma operação da Polícia Federal, que ocorreu na noite de segunda-feira, terminou com a apreensão de 548 quilos de pasta base de cocaína que veio da Bolívia. A ação da PF deu continuidade a uma prisão feita no último sábado, quando equipes interceptaram um avião bimotor carregado de pasta base de cocaína e que pousou em Indianópolis.
Os policiais continuaram trabalhando para encontrar a carga do outro avião que teve sucesso no pouso. Equipes monitoraram um raio de mais de 100 quilômetros na região em busca da drogas, trabalho que o delegado considerou procurar “uma agulha no palheiro”. Enfim, na noite de segunda-feira os policiais encontraram um casarão abandonado onde poderia estar a droga. Na chegada, um local ermo e muito escuro, os agentes viram alguns carros estacionados e atiraram como alerta da abordagem para que os traficantes não tentassem resgatar a carga. Os veículos saíram em alta velocidade, portanto a PF não conseguiu prender os responsáveis pela droga. Na casa, a pasta base foi apreendido e segundo o delegado, o material poderia render até uma tonelada de droga para venda a usuários.
“O Triângulo Mineiro tem servido de base para receber e distribuir drogas, que não ficam aqui. Após o refino e batismo essa pasta base pode render até o dobro da quantidade apreendida. Ela vai para os grandes centros como Rio, São Paulo e Belo Horizonte e podem ir até para o exterior.” afirma Cotta D'Ângelo.
Quadrilhas
Nos últimos meses, muitas apreensões foram feitas na região. Foram abordagens a traficantes internacionais em Campo Florido, Uberaba e outras cidades . “O que percebemos é que em princípio as quadrilhas não tem ligação uma com a outra. São grupos distintos atuando na mesma sitemática. A precisão das informações que recebemos leva a crer que há um conflito entre eles, um grupo pode estar entregando o outro para a PF”, relata o delegado.
Sobre a escolha da região como rota da droga, o delegado afirma que é uma questão de geografia e logística poque o Triângulo tem um posicionamento estratégico para a distribuição em todo o Brasil. “Eles conseguem o escoamento da droga, tem grande disponibilidade de fazendas para pouso e aqui tem uma área plana, fácil para manobra. Também há infelizmente a ausência de fiscalização aérea que não enxerga essas aeronaves que voam baixo e clandestinamente”, conclui Cotta D'Ângelo.