Jornal Estado de Minas

Esporte conhecido como slackline vira febre em BH

Márcia Maria Cruz

- Foto: Juarez Rodrigues/EM DA Press

A sensação de desafiar a gravidade e manter-se aprumado em uma fita de 5 centímetros de largura e em média 15 metros de comprimento tem levado pessoas de todas as idades para os parques de Belo HorizonteCriado na Califórnia, nos Estados Unidos, o slackline, que em tradução livre quer dizer corda bamba, aportou na capital mineira e é sensação para quem gosta de esportes radicais.Como o kit básico varia de R$ 70a R$300 e não é necessário nenhum requisito para a prática, muita gente tem se aventurado.

É o caso do advogado Marcos Henrique Garcia Diniz, de 36 anos, que há duas semanas investiu em equipamentos e, com a namorada, Danila Morici, de 33,e amigos, treina aos domingos na orla da Lagoa da Pampulha“Em um primeiro momento, o sentimento é de frustração, porque a tendência é cairMas é como se estivéssemos aprendendo a andar novamenteA gente aprende rápido”, diz.

Quem olha os praticantes caminharem com desenvoltura sobre a fita surpreende-se ao tentar fazer o mesmoA prática exige estabilidade, o que faz com que dar dois passos pareça algo impossível“Não temos ideia da importância do equilíbrio ao andarmosQuando ficamos suspensos, percebemos o quanto estamos destreinados dessa habilidadeÉ preciso muita concentração”, diz DanilaDa primeira vez que ela tentou, não conseguiu fazer todo o percurso, mas a jovem não desistiu e agora, com mais domínio, diverte-se entre os amigosEm geral, os iniciantes contam com a sustentação de quem já pratica há mais tempo, que oferece o braço como apoio na iminência de uma queda.

Quanto maior a habilidade, mais distante a fita fica do chão

É o que ocorre com Thiago Guimarães Silva, de 26, para quem não há limitesEle não só faz o percurso sem qualquer desequilíbrio como também realiza acrobacias que incluem giros de 360 graus no próprio eixo, saltos para frente e para trás, paradas para meditação com direito a agachamento e outras tantas manobras que a criatividade permiteA modalidade que engloba saltos é chamada tricklineAinda é possível a prática sobre rios, a waterline, e nas alturas, o highline

A habilidade de Thiago, conquistada em dois anos e três meses, fez com que o jovem fosse convidado para integrar a equipe profissional, com patrocínio de marca mundial que fabrica equipamentos para a práticaQuando Thiago começa a se apresentar não há quem não pare para observar“Para praticar é preciso persistência e divertir- se sempreSe a pessoa não se divertir, não consegue levar a prática para frenteSlackline exige tempoNão é de um dia para o outro que se consegue equilíbrio”, pontua
Para praticar o slackline é preciso, além de equilíbrio, força para realizar as manobras que movimentam músculos de todo o corpo“É ótimo como complemento de outras práticas esportivasO gasto de energia é muito alto e ajuda no preparo físicoOutro benefício é para a postura”, enumera ThiagoO vendedor Bruno Júlio, de 26, destaca os bons efeitos para a mente“Pratico por amorÉ um esporte que traz equilíbrio não só para o corpo, como também para a mentePara fazer precisamos de concentração e levamos isso para a vida”, sugere.

GRUPOS


Thiago e outros atletas de perfomances de alto nível integram o grupo Pé na Fita, que divulga e dissemina a prática do esporte em Belo HorizontePor meio de uma página no Facebook, o grupo informa locais e horários dos treinosÉ possível encontrar os praticantes em diversos pontos na orla da Lagoa da Pampulha, aos domingos, e aos sábados no Bosque da Música,no câmpus da UFMG, na Pampulha, onde há a maior concentração na cidade de fitas esticadas para a prática do esporteAnda refazer acrobacias sobre uma fita tem sido divulgado mundialmente por Madonna

A musa pop convidou o brasileiro Carlos Neto, de 23, para integrar a sua trupe que viaja pelo mundoO convite veio depois de a performance de Carlos em campeonatos de slackline ter caído na rede mundial de computadoresOutro mineiro praticante do esporte, Gabriel Amaral, foi convidado para integrar o Cirque du SoleilO slackline não apresenta riscos, desde que realizado com equipamentos adequadosPara ficar suspensa e comtensão, a fita é presa a árvores por meio de uma catracaNa prática do trickline é necessário colocar colchões nomeio do percurso onde se realizam as acrobaciasNo highline o praticante é preso a uma cadeira, semelhante à de escaladas, para evitar acidentes