A discussão sobre a sentença do goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, condenado no processo por desaparecimento e morte de sua ex-amante Eliza Samudio, não terminou com o julgamento no Fórum Pedro Aleixo, em ContagemUm novo round entre acusação e defesa já está marcado para tentar mudar a pena do atletaO promotor do caso, Henry Wagner Vasconcelos de Castro, anunciou que apresentará recurso na segunda-feira para que Bruno receba punição mais pesada que os 22 anos e três meses definidos pela juíza Marixa Fabiane Lopes RodriguesEle defende pena entre 28 e 30 anosOs advogados de defesa já haviam protocolado na madrugada de ontem recurso para diminuir o tempo que o goleiro ficará preso.
O promotor considerou baixa a pena estabelecida pela juíza Marixa RodriguesSegundo especialistas consultados pelo Estado de Minas, Bruno terá direito a passar para o regime semiaberto a partir do final de 2016O prazo de pouco menos de quatro anos leva em conta os dois anos e nove meses que ele já cumpriu, o eventual benefício de redução da pena por trabalho e o bom comportamentoHenry Wagner calcula que o goleiro levará um pouco mais de tempo – cinco anos – até ter direito ao regime semiaberto, mas ainda assim pretende ampliar a pena“A sentença assumiu contornos bastante maternais”, disse o promotor a uma emissora de TVEle reclamou do fato de a juíza ter reduzido a pena de Bruno por homicídio triplamente qualificado, de 20 anos para 17 anos“Ele não merecia o benefício da redução porque não confessou”, considerou.
Bruno foi condenado a 17 anos e seis meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima)
Volta aos campos?
A possibilidade de Bruno retomar a carreira divide especialistasA avaliação é de que o goleiro, mesmo saindo do regime fechado no fim de 2016 – quando terá 32 anos –, precisará ficar pelo menos três anos no regime semiaberto, que prevê que o detento durma na prisão todas as noites, além de passar feriados e fins de semana encarceradoAtuar em equipes de futebol só seria possível com uma autorização especial da Justiça para que ele saísse temporariamente para viajar e jogar“Diante de um contrato de emprego firmado e do comportamento dele, o juiz poderá conceder autorizações permitindo que ele viajeMas vai depender do entendimento do magistrado”, afirma o advogado criminalista Eduardo Lopes.
Pelas contas dele, o atleta deve cumprir o regime fechado em cerca de três anos e sair para o semiaberto em 2016A liberdade de Bruno deve sair entre 2018 e 2019“Jogar bola ou não é uma decisão que depende de BrunoEle precisa manter seu condicionamento físico na prisão e continuar trabalhando para sair mais rapidamente”, afirma Eduardo LopesJá o advogado Adilson Rocha considera difícil Bruno retomar a carreira
O advogado avalia como quase impossível a volta de Bruno aos clubes de futebol no regime semiaberto“Bruno não poderá jogar porque as regras do regime carcerário são incompatíveis com a profissão dele, que exige tempo disponível para viagens, treinos, concentração e jogos que podem ocorrer à noite ou aos fins de semana”, disse.
Enquanto acusação e defesa continuam a disputa sobre a pena, Bruno manterá a rotina anterior ao julgamento no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em ContagemSegundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), ele permanecerá em uma cela individual de seis metros quadrados com cama de alvenaria e banheiro, que tem chuveiro, pia e vaso sanitárioAlém disso, cada preso tem direito a um kit com cobertor, colchão, uniforme e material para higiene pessoalO goleiro tem à disposição uma televisão de 14 polegadas e um rádio, presentes de familiares permitidos pelo regulamento da penitenciáriaEle recebe visitas que se alternam entre íntimas e sociais, a cada 15 diasO goleiro trabalha na lavanderia da unidade prisional, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 15hBruno está nessa função há dois meses por vontade própria e não recebe salário, apenas o benefício de redução do tempo que ficará preso.
Enquanto isso...
...Boa à espera
O Boa, que disputa o Campeonato Mineiro e a Segunda Divisão do Brasileiro, mantém interesse na contratação do goleiro BrunoNa quarta-feira, o Tribunal de Justiça negou pedido de habeas corpus, baseado na oferta de trabalho do clube de VarginhaPara preparadores físicos, a idade na chegada ao regime semiaberto (32 anos) dificultaria o retorno dele aos gramados e exigiria uma carga de treinamentos severa(Bruno Freitas)
R$ 70 mil para Bola?
A promotoria investiga movimentações bancárias dos réus para confirmar suposto pagamento de Bruno ao ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para executar Eliza e se desfazer do corpo da ex-amante do goleiroO promotor Henry Wagner Vasconcelos disse que apresentará os dados “na ocasião certa ” à JustiçaAssistente de acusação, o advogado José Arteiro sustenta que Bruno pagou R$ 70 mil a Bola, que vai a julgamento em 22 de abril