Para retirar órgãos de um paciente não vivo, o potencial doador deve ser um paciente com critérios para o diagnóstico de morte encefálica. "São pacientes que já se encontram em coma no grau máximo, chamado Glasgow 3. É importante ressaltar que a morte encefálica já é a morte. O paciente ainda persiste por dois ou três dias com algumas funções graças a medicamentos e aparelhos", diz Charles Simão Filho, diretor do complexo MG Transplantes.
Transplantes pelo SUS
O Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, sendo 95% dos procedimentos realizados pelo SUS gratuitamente. A assistência ao paciente transplantado inclui desde os exames preparatórios para
a cirurgia até o pagamento dos medicamentos pós-transplante. Em 2011, foram realizados 23.397 transplantes.
Memória
Exército imunológico
Por muitos anos, os cientistas pensaram sobre como substituir um órgão doente por um saudável. Inicialmente, o problema era que o corpo humano não era receptivo aos tecidos estranhos. O sistema imunológico é como um exército em guarda contra qualquer invasão, como por bactérias e vírus. Quando o tecido de um doador é colocado dentro do corpo, esse exército imunológico o vê como um invasor e parte para a batalha. As células brancas do sangue atacam e destroem o tecido desconhecido, em um processo conhecido como rejeição.
Nos anos 1950, os cientistas Joseph Murray e David Hume perceberam que a rejeição não ocorria entre gêmeos idênticos, graças à total semelhança genética. Assim, realizaram o primeiro transplante de um órgão vital na história em 1954, entre gêmeos idênticos no Hospital Brigham and Women, em Boston. Foi um passo importante, mas somente uma década depois os cientistas descobriram que a chave da doação entre não gêmeos seria a supressão da reação imunológica do receptor. Surgiram, aí, os medicamentos imunosupressores.