Jornal Estado de Minas

Morte cerebral determina doação de órgãos

Para retirar órgãos de um paciente não vivo, o potencial doador deve ser um paciente com critérios para o diagnóstico de morte encefálica

"São pacientes que já se encontram em coma no grau máximo, chamado Glasgow 3É importante ressaltar que a morte encefálica já é a morteO paciente ainda persiste por dois ou três dias com algumas funções graças a medicamentos e aparelhos", diz Charles Simão Filho, diretor do complexo MG Transplantes


Uma série de testes neurológicos são realizados e repetidos após seis horasAlém disso, o paciente que está sendo avaliado não pode ter sido sedado e não pode estar hipotérmico antes dessa avaliaçãoEm muitos países o teste se encerra aíNa legislação brasileira, ainda é realizado um exame de imagem que comprova total inatividade do sistema nervoso central"A margem de erro é zeroNão existe na literatura médica nenhum protocolo concluído e assinado por dois médicos que apresente reversão do quadro", garanteQuem pensa em doar deve comunicar o desejo a familiares

Apenas irmãos, avós, netos e cônjuges podem autorizar a doação

Transplantes pelo SUS

O Brasil tem hoje o maior sistema público de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, sendo 95% dos procedimentos realizados pelo SUS gratuitamenteA assistência ao paciente transplantado inclui desde os exames preparatórios para
a cirurgia até o pagamento dos medicamentos pós-transplanteEm 2011, foram realizados 23.397 transplantes

Memória

Exército imunológico

Por muitos anos, os cientistas pensaram sobre como substituir um órgão doente por um saudávelInicialmente, o problema era que o corpo humano não era receptivo aos tecidos estranhosO sistema imunológico é como um exército em guarda contra qualquer invasão, como por bactérias e vírusQuando o tecido de um doador é colocado dentro do corpo, esse exército imunológico o vê como um invasor e parte para a batalhaAs células brancas do sangue atacam e destroem o tecido desconhecido, em um processo conhecido como rejeição.
Nos anos 1950, os cientistas Joseph Murray e David Hume perceberam que a rejeição não ocorria entre gêmeos idênticos, graças à total semelhança genéticaAssim, realizaram o primeiro transplante de um órgão vital na história em 1954, entre gêmeos idênticos no Hospital Brigham and Women, em Boston
Foi um passo importante, mas somente uma década depois os cientistas descobriram que a chave da doação entre não gêmeos seria a supressão da reação imunológica do receptorSurgiram, aí, os medicamentos imunosupressores.