Jornal Estado de Minas

Comerciantes reclamam do novo endereço da feira de flores e comidas típicas de BH

Transferência de expositores de antiguidades e barracas de comidas típicas da Bernardo Monteiro para a Carandaí irrita comerciantes

Clarisse Souza

Instalações foram erguidas ao lado do Colégio Arnaldo: comércio acusa queda de vendas e desorganização - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press


Mudança para uns, insatisfação para outrosOs comerciantes da Avenida Carandaí, entre a Rua Ceará e a Avenida Brasil, estão irritados com a transferência das feiras de flores e plantas naturais, de comidas e bebidas típicas (Tom Jobim) e de Antiguidades para o trecho da via que corta o Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul de Belo HorizonteOcupando o canteiro central da Avenida Bernardo Monteiro às sextas e sábados há 30 anos, os expositores tiveram de abandonar o local depois que técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil detectaram o risco iminente de queda de galhos das árvores que ornamentam a regiãoO motivo é a infestação dos espécimes pela mosca-branca-dos-fícus (Singhiella sp.)Com a transferência, o trânsito ao lado do Colégio Arnaldo foi interrompido, o que teria provocado queda em cerca de 20% no número de clientes no comércio local

A alteração foi definida na quinta-feira em reunião pela prefeituraO principal motivo para a retirada emergencial foi a previsão de chuva e ventos fortes para este fim de semanaInicialmente, o objetivo era deslocar os feirantes para a avenida lateral, a PasteurNo entanto, eles alegaram inviabilidade“Não tinha condições de nos receberO canteiro é de grama e não há sombra
Não daria para expor as plantas e as barracas iam ficar sob sol forte”, observa Eduardo Contin Gomes, expositor da Feira de Antiguidades

A escolha da nova área surpreendeu os comerciantes“Não avisaram ninguémQuando cheguei na sexta-feira, me deparei com a rua interditada e as barracas impedindo a entrada para abastecimento dos veículos”, relata Edmar de Almeida Santos, gerente de um posto de combustíveis na esquina com a Avenida BrasilUm funcionário orientava os motoristas para tentar minimizar o tumulto

Enquanto expositores das feiras de antiguidades e de alimentação trabalhavam, o proprietário de uma borracharia reclamava ontem do baixo movimento“O maior problema é que fecharam a avenidaNão nos comunicaram e agora vamos ter prejuízos”, criticou Gilmar Guimarães MoreiraAo lado, o dono de outra borracharia baixou as portas no sábado“Ele viu que não compensava abrir”, conta.

O presidente da Associação da Feira de Comidas e Bebidas Típicas Tom Jobim, Marco Aurélio Pereira, cobra da prefeitura mais diálogo
“Poderiam ter nos deixado mais uma semana na Avenida Bernardo Monteiro para que houvesse tempo de comunicar aos comerciantes, mas não escutaram a gente para decidir”, afirmaEle aponta falhas na disposição das barracas e reivindica o uso do espaço da ciclovia para liberar o trânsito de uma das pistas da Carandaí.

TEMPORÁRIO A gerente de Feiras Permanentes da Regional Centro-Sul, Andrea Lúcia Bernardes Fernandes, esteve no local e conversou ontem com os expositoresSegundo ela, não houve prazo hábil para fazer um estudo sobre os impactos“A demanda para a transferência foi feita na quinta-feira, então não tivemos tempo de elaborar um projetoOs estudos estão sendo feitos hoje (ontem) no local e estamos colhendo ideias junto aos feirantes para melhorar na próxima semana”, afirmaA gerente garante que a mudança não é permanente, mas não soube precisar por quanto tempo ela será mantida

Daqui para o futuro

Teste com inseticida

Depois de passar pelo processo de poda dos galhos infestados pela mosca-branca, os fícus da Avenida Bernardo Monteiro vão ser alvo de testes nesta semana com a aplicação de um inseticida que visa inibir a reprodução da pragaSegundo a prefeitura, só após os resultados do laudo será possível estabelecer um prazo para a execução do tratamento das 43 árvores atingidasApesar de ter retirado os feirantes devido ao risco de queda de galhos, a PBH informa que a área não será interditada e que técnicos fazem monitoramento diário, sem ter identificado risco aos pedestres.