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Estado de Minas

Impasse atrasa despoluição do Rio das Velhas

Disputa entre prefeitura e Copasa retarda tratamento e limpeza de águas em Sabará


postado em 25/02/2013 06:00 / atualizado em 25/02/2013 07:39

Flávia Ayer

Esgoto de Caeté e Sabará é todo lançado em ribeirão que deságua no Rio das Velhas. Meta do governo era acabar com poluição em 2010(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press. )
Esgoto de Caeté e Sabará é todo lançado em ribeirão que deságua no Rio das Velhas. Meta do governo era acabar com poluição em 2010 (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press. )

 

Águas podres e cinzas caem como cascata dos canos e seguem direito para o Rio das Velhas. São mais de 32 milhões de litros de esgoto lançados por dia em Sabará, na Grande BH, onde impasse em convênio para o tratamento dos dejetos pode atrasar a despoluição da bacia do Velhas. A nova administração municipal questiona projeto da Copasa que prevê investir R$ 100 milhões para esgotamento sanitário da cidade e, em três anos, evitar que 95% dos detritos tenham como destino os cursos d’água e as fossas negras. Atualmente, não há qualquer tipo de tratamento de esgoto no município, e pela legislação estadual, a questão já deveria estar regularizada há dois anos e cinco meses.

Depois de cinco anos de negociação, em setembro a Prefeitura de Sabará assinou convênio de cooperação com o governo de Minas para prestação de serviços de esgotamento sanitário por 30 anos. Mas, com a mudança no comando do município, o imbróglio promete se arrastar. O novo prefeito, Diógenes Fantini (PMDB), critica o aumento de 50% da tarifa da Copasa e que um patrimônio de 150 quilômetros de redes coletoras tenha sido entregue de graça para a empresa. “Queremos ter o tratamento de esgoto, mas um acervo centenário de investimentos de Sabará está sendo entregue à Copasa, que, com a coleta dos dejetos, duplicará o preço da água”, afirma Fantini.

Segundo a empresa, 95% da área urbana de Sabará, município de 126 mil habitantes, terá até 2016 cobertura da coleta e tratamento de dejetos. Serão investidos R$ 100 milhões na construção de 11 elevatórias, 28 mil metros de coletores e 45 mil de interceptores, além de duas estações de tratamento de esgoto (ETEs), uma no Bairro Borba Gato e outra no distrito de Ravena.

O serviço de esgotamento sanitário acarretará um aumento de 50% da tarifa de água já a partir de abril e de 90% quando o tratamento começar a funcionar. “A Copasa não deixou claro como o projeto vai impactar no orçamento das famílias nem apresentou o cronograma das metas e prazos, como ficou acertado na Câmara Municipal, quando a lei autorizando o convênio foi aprovada”, afirma o vice-prefeito, Ricardinho Antunes.

O superintendente operacional da Copasa na região metropolitana, Clébio Antunes Batista, ressalta que a empresa já tem os projeto básicos e trabalha para antecipar os prazos para tratamento do esgoto. Isso se conseguir um acordo com o novo prefeito. “O convênio já está valendo, mas buscamos parcerias, e se a prefeitura não confiar na gente isso pode prejudicar muito o andamento”, diz.

Segundo Batista, o valor da rede coletora existente é pequeno frente aos investimentos e o aumento da conta será usado na manutenção das redes. “O estudo de viabilidade econômica apontou que o investimento supera em muito uma possível indenização para a prefeitura”, ressalta. O projeto tem o aval da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae/MG).

NÚMEROS


32 milhões de litros de detritos são lançados diariamente nas águas

10 mil pessoas não têm abastecimento de água

R$ 100 milhões são os recursos para saneamento

11 elevatórias de esgotos estão previstas
 


Morador reclama de mau cheiro

Enquanto a discussão esquenta, o esgoto continua poluindo cursos d’água e o solo da região. De acordo com a Deliberação Normativa nº 128/2008, do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), Sabará já deveria estar tratando os detritos produzidos no município desde agosto de 2010. É um problema grave para a Bacia do Rio das Velhas, onde 48,6% da população não conta com o serviço.

“Sabará é uma das poucas cidades que nem sequer iniciaram obras para resolver a questão do esgoto. É um passivo ambiental histórico para toda a bacia. Além de não ser justo, isso é ilegal”, critica o um dos coordenadores do Projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marcus Vinícius Polignano, que trabalha pela revitalização da Bacia do Velhas.

O curso d’água corta o município de Sabará e, antes cartão-postal, se tornou motivo de tristeza para os moradores. Bem no Centro, o Rio das Velhas recebe carga pesada de dejetos vinda de afluentes como o Ribeirão Caeté/Sabará. “Com o esgoto caindo no rio, a cidade fica feia e com mau cheiro. Antes, tudo era muito bonito e a gente chegava até a atravessar o curso d’água de balsa”, lembra a dona de casa Gláucia Assis, de 56 anos, que, cheia de saudade, conta sobre esse doce passado ao neto Rômulo, de 7. “Acho que Sabará merece ter o rio limpo de novo e a prefeitura deveria arcar com o aumento da conta”, afirma Gláucia.

SAIBA MAIS

Cidade ainda tem 10 MIL SEM ÁGUA

A Prefeitura de Sabará estima que, atualmente, cerca de 10 mil pessoas no município não contem com serviço de abastecimento de água. Além da rede de esgoto, a Copasa prevê investir R$ 6 milhões para ampliar o sistema de fornecimento de água da cidade, com a melhoria das redes de distribuição nos bairros Morro da Cruz, Esplanada, Siderúrgica, General Carneiro, Alto Cabral e Borba Gato. Já no distrito de Ravena será ampliada a capacidade de produção da estação de tratamento e dos poços artesianos. O atendimento com os serviços será expandido para os bairros Boa Vista e Boa Ventura.


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