Jornal Estado de Minas

Presos libertam reféns e encerram rebelião que durou 31h na Nelson Hungria

João Henrique do Vale Paula Sarapu
Presos subiram no telhado do Pavilhão 1 e destruíram o telhado do bloco - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A.Press

Os momentos de tensão na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, durante uma rebelião que durou 31 horas, terminaram no início da tarde desta sexta-feiraOs líderes dos detentos se reuniram com o comitê de crise formado por autoridades de segurança do estado e resolveram assinar uma ata de reivindicaçõesPara o acordo valer, os reféns tinham de ser soltos e o motim interrompido imediatamenteÀs 16h, os detentos acataram as ordens da autoridade

Veja imagens da rebelião

O primeiro refém a ser solto foi o agente penitenciário Renato Andre de Paula Siqueira, que deixou o Pavilhão 1 às 16h03Em seguida, às 16h05, a professora Eliana da Silva também foi libertadaOs dois foram levados para uma ambulância onde receberam atendimento médicoEm seguida, deixaram a penitenciáriaEles estavam em poder dos criminosos desde as 9h desta quinta-feira

Todos os presos foram colocados no pátio do Pavilhão 1 sentados e agrupadosTodos serão revistados e depois serão levados para o Pavilhão 2
Os detentos deste bloco, foram transferidos para outras alasQuando o imóvel onde aconteceu a rebelião estiver vazio, será feita uma varredura no local.

A reunião que pôs fim à rebelião durou aproximadamente 1h30Os presos foram representados por Daniel Augusto Cypriano, de 29 anos, que conduziu desde o início as negociações através de um rádio comunicador, e outro detendo, identificado apenas como CaioOs dois deixaram o Pavilhão 1, onde aconteceu a rebelião e foram para uma sala onde estavam autoridades de segurança dos Estado

Agente penitenciário (à esq.) foi o primeiro refém a sair. A professora (ao fundo) saiu em seguida - Foto: Seds/DivulgaçãoDepois do encontro, os presos voltaram para o Pavilhão 1Eles apresentaram as propostas, que foram aceitas para os outros presosEntre as reivindicações estava a preservação da integridade física dos rebelados e a garantia de que ninguém seja transferidoOutro pedido era o afastamento do diretor da unidade Luiz Carlos DanúbioPorém, a Seds adiantou que ele não deixará o cargoFicou acertado que a Corregedoria vai apurar as denúncias


A Seds também cedeu no pedido que teria dado início ao motim, a visita das mulheres grávidas que foi mudadaA partir deste fim de semana, todas as gestantes terão a visita normal, sem passar por aparelhos de raio x

Mediação

O advogado Ércio Quaresma, que defende Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no caso Eliza Samúdio, chegou ao local às 7h15 após ser acionado pelo líder da rebelião, o detento Daniel CyprianoO advogado disse ter recebido um telefonema do preso, que tem cinco condenações por roubo e uma por homicídio, no início da madrugada Na ligação, Daniel teria dito também que além do agente penitenciário Renato Andre e a professora Eliana da Silva, cinco detentos estavam sendo observados “com status de reféns”, por ajudarem a direção do presídioEssa informação foi negada pela Seds

Em frente à Nelson Hungria, Quaresma voltou a falar ao telefone com os presos“A primeira reivindicação é a retirada da direção do presídioSem isso, não vamos aliviar”, disse Daniel no viva vozQuaresma disse que o detento também exigiu que ele participasse das negociações.