Vizinhos dos prédios parcialmente interditados no Bairro São Bento, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por causa do desabamento de uma estrutura de concreto de 15 metros de altura, no domingo, estão aflitos e tomando providências para diminuir o medo
Mesmo com a garantia da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de que não há riscos para quem vive ao lado, moradores do Condomínio Solar dos Rouxinóis, na Rua Abade Gertrudes Prado, ao lado do edifício que teve a quadra de esportes destruída, se reuniram nessa segunda-feira e contrataram uma equipe de engenheiros para fazer uma inspeção na estrutura do imóvel“Estamos com receio e vamos tomar as providências que deveriam ter sido adotadas antes para acabar com essa ansiedade dos moradoresA primeira será uma nova inspeção no prédio”, disse o empresário Robison Fortes, de 34 anos
Outra moradora do Solar dos Rouxinóis, que omitiu o nome, disse que a primeira medida que tomou ontem foi fazer um seguro para seu apartamento“Presenciei o desmoronamento ao ladoMeu filho, de 9 anos, está aflito e não queria dormir em casaEle passou a noite, mas na minha camaQuando ocorre um incidente como esse, passa tudo pela cabeça da genteA gente revive tragédias como a de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e da aflição dos moradores do prédio que desabou no Bairro Buritis, em BH”, disse.
Os prédios de números 70 e 120 da Avenida Professor Cândido de Holanda, atingidos pela estrutura de concreto, tiveram 39 apartamentos interditadosO advogado Ricardo Polati, de 31, foi liberado para permanecer no apartamento, por ficar na parte da frente do prédio
“Eu e apenas quatro famílias tivemos coragem de dormir no prédio, mas não sei se vou continuar aquiEstou inseguro, apreensivoConsegui dormir pouco na noite passada, pois qualquer barulho de terra descendo a gente já fica assustado”, disse RicardoEle conta que há um mês percebeu que havia muita água escorrendo do muro de contenção, que pesa 15 mil toneladas, e que agora está apoiado na parede dos fundos do seu prédioA bióloga Rosa Horta foi a terceira moradora a ocupar o prédio de numero 70, quando ele foi inaugurado há 32 anosHá cinco anos, ele deixou o prédio e ontem voltou para ter notícia dos antigos vizinhos“Meus amigos estão todos aí, amigos dos meus filhos, todos criados aíNunca pensei que isso fosse acontecerA gente só acha que rola terra na favela e confia nos cálculos dos engenheiros”, disse a bióloga.
Apoio
A Comdec pediu apoio nessa segunda-feira à Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) e à Associação Brasileira de Mecânica de Solo (ABMS) para juntas tentarem uma solução para o problema“São profissionais de alto gabarito que vão nos ajudar a decidir principalmente o momento do retorno dos moradores às suas casas, identificar os riscos que ainda persistem e quais ações a serem tomadas para prevenir novos escorregamentos”, disse o coordenador da Comdec, coronel Alexandre Lucas Alves
“Vamos continuar monitorando os riscos e as empresas que vão fazer obras de responsabilidade dos síndicos dos três prédios”, acrescentou“A situação é grave e pode ter propagação se não for tomada uma medida imediataNo momento, não há riscos para os prédiosA situação precisa ser monitorada , principalmente os muros de arrimo que permanecem em pé, e um deve ser feito um projeto para depois do período chuvoso fazer a restauração”, disse o diretor regional da Abece, Márcio Gonçalves.
Para o coronel, o pior já passou e agora as atenções dos técnicos da Comdec estão voltadas para o barranco que ainda está exposto“A chuva potencializa novos desabamentos, mas a área considerada de risco está isolada”, disse Alexandre LucasNa tarde de ontem, o barranco foi preparado para receber lonas plásticas para diminuir a infiltração de água no soloPlacas de concreto da quadra que ameaçam desabar nos imóveis de baixo foram retiradosComo o terreno passará por uma nova avaliação hoje, por peritos contratados pelos prédios, a lona não foi afixada no terreno.