Jornal Estado de Minas

Psicoterapia é aliada no uso do rivotril para tratar a depressão

Luciane Evans

 

A perda da mãe levou o comerciante Rinaldo José Cordeiro, de 47 anos, a tomar o clonazepam

Ele mora em Piedade dos Gerais, cidade onde, segundo levantamento do Sindicato dos Farmacêuticos de Minas Gerais, foram consumidos 44 mil comprimidos de Rivotril, com a média de nove para cada habitante“Há 18 anos, perdi a minha mãe e a minha estruturaOs médicos me receitaram Rivotril, e durante três anos tomava duas pílulas todos os diasPassou a não fazer efeitoFui internado por causa do alcoolismoE depois de me livrar do álcool, os médicos receitaram antidepressivosÉ mais fácil largar a bebida do que as medicamentos”, revela

Segundo o psiquiatra e homeopata Aloísio Andrade, “depressão é um guarda-chuva que abriga vários diagnósticos”Ele explica que angústia é um questionamento do sentido da vida“Mas se isso vai se intensificando, torna-se um quadro depressivo.” Nesse estado, o primeiro nível, de acordo com ele, tem como sintomas a insônia, excesso ou falta de sono, dor na coluna e outros sinais
“Isso pode evoluir para a depressão neurótica, em que a pessoa tem dificuldade de se levantar da cama e tende a ficar mais paradaQuando a pessoa nem pensa em melhorar, há um agravamento, há o risco do autoextermínio e pode configurar um transtorno depressivo patológico”

Ele diz que há ainda a depressão causada pelo uso de álcool e outras drogas“São substâncias depressoras do sistema nervoso central”, dizEle esclarece que depressão psicótica é a mais grave delas“Quando é assim, um antidepressivo pode gerar força e coragem à pessoa, por isso é preciso cuidado.”

REMÉDIOS De acordo com o psiquiatra Paulo Repsold, há dois carros-chefe para o tratamento dos transtornos depressivos: medicação e sessões psicoterapêuticasA primeira ajuda o paciente a enfrentar o problema, já que os remédios retiram os sintomasA psiquiatra Ana Cristina diz que o medicamento usado para a depressão não pode ser clonazepam, pois ele não aumenta a quantidade de neurotransmissores no cérebro“A depressão leve pode ser tratada só com psicoterapiaCom os antidepressivos, é preciso pelo menos seis meses de uso para ir diminuindo as doses
O efeito começa depois de duas semanasAntes disso, os ansiolíticos podem ser usados”, dizPara a psicanalista, nos casos de psicose depressiva um dos tratamentos seria a regressão da memória e um acompanhamento psicológico

>> O QUE É

É um transtorno afetivo de lado emocional, que acaba afetando a parte cognitiva do ser humanoA persistência de sintomas como tristeza e angústia é sinal da doençaO que ocorre é a diminuição dos neurotrasmissores, que são substâncias químicas liberadas pelos neurônios e usadas para a transferência de informações entre elesNa depressão neurótica a pessoa tem dificuldade de se levantar da cama e tende a ficar mais paradaSe não for tratado, o quadro pode evoluir para um transtorno depressivo patológico, com risco de autoextermínioNa depressão psicótica, a mais grave delas, a pessoa tem alucinações ou delírios e há risco maior de autoextermínio

>> TRATAMENTO

Ao ser diagnosticado
com depressão, o paciente é submetido a medicações e sessões de psicoterapiaNos casos mais graves, é feita eletroconvulsoterapia – um tratamento médico que consiste na estimulação de todo o cérebro por meio de uma corrente de elétrons para provocar um processo de revitalização neuroquímica nos neurônios