Jornal Estado de Minas

Buracos por toda parte nas estradas federais

Além dos motoristas inconsequentes e do reduzido contingente da PRF, período das chuvas causa mais danos à pavimentação e contribui para aumentar riscos de acidentes

Guilherme Paranaiba
Na BR-365, próximo a Patos de Minas, todo cuidado é pouco para trafegar na pista esburacada - Foto: Marcos Michelin/EM/DA Press


A inexperiência dos novos condutores é um fator que, aliado às quatro leis praticadas pelos motoristas que predominam nas estradas, potencializa o risco de acidentes nas rodovias mineirasA reportagem também constatou que, além desse cenário perigoso, uma situação de infraestrutura viária se transforma em mais um ingrediente que contribui para o resultado preocupante de toda essa misturaDe repente, buracos aparecem no meio da BR-365, em mais de 100 quilômetros  entre o trevo de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, e o entroncamento com a BR-040, na Região Noroeste do estadoSão 100 km que reduzem drasticamente a velocidade e se transformam em armadilhas no meio da estrada para quem não conhece o trecho, assustando os motoristas e muitas vezes contribuindo para as batidas.

O agricultor Arnoldo Rogério Bezerra, de 46 anos, mora em Patos de Minas e tem uma fazenda às margens da BR-365Ele conta que já está cansado de tanto buraco“Esses buracos causam muito prejuízo e também acidentes, pois muitas vezes um carro quebrado tem que parar na estrada e causa o acidente”, conta eleArnoldo pede atenção à população na hora das eleições“As pessoas têm que se lembrar dos representantes aqui da região para cobrar as melhorias no trechoNão é possível que uma estrada tenha tantos buracos como essa rodovia”, criticaNo trecho há grandes buracos, que obrigam os motoristas a manobras bruscas para evitar o pior.

“Na hora de arrumar, o governo vem e só remenda ou então joga terra por cima, conforme estão fazendo atualmenteQuando chove, está tudo aberto novamente
O buraco é um causador nato de acidentes, alguma coisa precisa ser feita para melhorar essa situação”, conta o agricultor Sérgio Luiz Vieira, de 44Quando chove a situação é ainda pior, pois a água encobre os buracos e os transforma em armadilhas invisíveisQuem se arrisca acaba tendo prejuízo“O jeito é andar a 10 km/h”, diz um caminhoneiro que passava pelo trecho entrando nas crateras próximas ao trevo de Varjão de Minas, Região Noroeste

O posto da PRF de Patos de Minas é o responsável pelo policiamento nos 326 km da BR-365, inclusive o trecho esburacadoO chefe da delegacia de Patos de Minas, inspetor Sérgio Pereira Borges, explica que essa situação atrapalha muito o trabalho da polícia, já que para chegar a um acidente na BR-365 depois do entroncamento com a BR-040 as viaturas precisam transpor os 100 km em estado crítico“Gastamos o dobro do tempo, as viaturas se desgastam e o gasto de manutenção é maior, assim como o de combustível”, afirma o policial

Dois tipos de acidentes

Ele completa dizendo que normalmente os buracos causam dois tipos de acidentes“Como o trecho está todo esburacado, acontecem colisões traseiras, quando um carro reduz de uma vez por conta do buraco e outro bate atrás, e também as colisões laterais, bastante perigosas”, afirmaEle se refere ao momento das ultrapassagens, quando um veículo acha uma brecha para ultrapassar, mas acaba surpreendido por um buraco e tem que ir para a outra pista
Em muitos trechos, a reportagem presenciou caminhões guinando de uma vez para a esquerda enquanto eram ultrapassados, surpreendidos pelas craterasPor sorte, nenhum acidente aconteceu durante o percurso.

Segundo a assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as duas empresas que vão fazer a restauração de 140 km da BR-365, incluindo pavimento, acostamento e sinalização, já estão escolhidas e o contrato está assinadoNos próximos dias os canteiros de obras começarão a ser montados no trecho, segundo o DnitO órgão ainda informou que houve problemas na BR-365 porque a empresa que era responsável pela manutenção abandonou o trecho por problemas financeirosComo o Dnit precisou dar todos os prazos legais à firma antes de rescindir o contrato, o pavimento se deteriorou e não foi consertadoOs dois contratos vão custar R$ 50 milhões aos cofres públicos.