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Estado de Minas

Relação entre as pessoas e seus cães atravessam os anos

Cenas de amor e carinho entre as pessoas e seus cães de estimação são retratadas nos álbuns de família, perpetuando uma relação que consegue superar o tempo


postado em 20/01/2013 06:00 / atualizado em 20/01/2013 08:31

Elisa e Juliette: afeto entre a publicitária e a cachorrinha começou há 15 anos e permanece firme e forte(foto: Euler Júnior/EM/DA Press - reprodução)
Elisa e Juliette: afeto entre a publicitária e a cachorrinha começou há 15 anos e permanece firme e forte (foto: Euler Júnior/EM/DA Press - reprodução)


Nos jardins dos Vasconcelos, no Condomínio Alphaville, em Nova Lima, na Grande BH, são flores as cinzas da poodle Mimi. Os são-bernardos Zidane, July, Berry, Shiva e Bebel, assim como a poodle Luna e a yorkshire Mel, seguem vivos no coração dos Franças, em Minas Gerais, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Laika e Susana, vira-latas, são lembranças de bons tempos dos Batalhas, no Espírito Santo. Já o coker Juca uivou durante toda a noite, no Dia das Crianças de 2000, quando sua dona, Maria, findou-se, vítima de embolia pulmonar. Cada vez mais de casa, os cães dão nova linha do tempo e sentido aos álbuns de família.

Crianças e filhotes juntos. Alguns mascotes são tratados como rebentos. Ainda que de vida breve – bem cuidados, podem chegar, em média, aos 15 anos –, os cães testemunharam, nos últimos 70 anos, a família brasileira reduzir o número de filhos por casal de 6,1 para 1,9, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Menos filhos, mais bichinhos. “Atualmente, a população brasileira de cães e gatos está próxima de 40 milhões de animais", diz Alexandre Antoniazzi, diretor da área de animais de companhia da Merial Saúde Animal, com base no Estudo Pet Brasil 2012, elaborado pela consultoria GS&MD.

Antes, à espera das sobras nos quintais, hoje, os pets chegam a dividir apartamentos de quarto e sala com os donos. Ganham camas, alimentação especial e até medicamentos para as doenças mais raras. Pequenos, médios ou grandes, os bichos alavancam um mercado de produtos e serviços que, só no ano passado, movimentou R$ 12,7 bilhões no país. Em papel encorpado ou digitalizado nas redes sociais, também se multiplicamos retratos da boa companhia. Cuidadoras de animais velhinhos, Rossana D’Amices, Renata Cardoso, Elisa de Azevedo e Silvia Vinhas voltam ao passado para repetir quadro da melhor amizade.

SEGUNDO LUGAR

Atualmente, o Brasil conta com 101,1 milhões de animais domésticos e tem a segunda maior população de cães e gatos do planeta. Os Estados Unidos, primeiro do ranking, contabilizam 80 milhões de gatos frente a 66 milhões de cachorros.

Equivalência

Cão                   Homem
6 anos               45 anos
10 anos             65 anos
12 anos             75 anos
13 anos             80 anos
14 anos             85 anos
15 anos             90 anos

Elisa e Juju

“Juliette tem cara de pinscher, mas é vira-lata”, sorri Elisa de Azevedo Guilherme, de 26, com a “irmãzinha” ao colo. A publicitária mora com Juju, vinda de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, desde os 11 anos. A miúda, de “luvas brancas” nas patas, não aparenta os 15 aniversários. De tão serelepe, poderia ser facilmente interpretada filhote pelo visitante comum. Juju é bastante popular nas redes sociais. “Dizem que ela é feia. Mas ela é linda. Sempre coloco as fotos dela no Facebook, no Instagram. O triste é vê-la envelhecer”, diz.

Elisa comenta que, quando criança, nos primeiros dias com Juliette, chegou a pensar que o entusiasmo seria passageiro. “Como um brinquedo: a gente brinca e cansa. Mas não. Nunca consegui deixar de dar atenção a ela.” Elisa relembra quando Juju ficou do lado de fora do apartamento, no Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul. A cadela saiu para passear e voltou por conta própria. “Ouvimos a porta sendo arranhada. Era a Juju. Soubemos pelo zelador que ela estava passeando sozinha perto do prédio”, sorri.

Para a publicitária, com a Juju vieram responsabilidades que enriqueceram a vida. “Meus pais me listaram as tarefas que vinham com ela. Foi muito importante. Passei a ter uma noção bem maior do que realmente significa carinho”, considera. Elisa diz ter aprendido também a tomar cuidados com os excessos tão comuns na relação com o animal doméstico. “O cão precisa ter o espaço dele. Nada de roupinha, sapatinho… É importante que ele também viva a própria natureza”, considera.

Rossana tem a companhia da fiel vira-latas Daya há 17 anos. Um presente inesquecível do Dia das Mães(foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)
Rossana tem a companhia da fiel vira-latas Daya há 17 anos. Um presente inesquecível do Dia das Mães (foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)


Rossana e Daya

Daya, sem raça definida (SRD), foi presente do Dia das Mães. Tereza Cristina, aos 14 anos, sem dinheiro, rodou “meio mundo” para encontrar um cachorrinho para a mãe, Rossana D’Amices, de 53. No segundo domingo de maio de 1996, num cesto com lacinho e tudo, lá estava a pequena Daya, com 45 dias. Este ano, a longeva vira-lata, que faz uso de medicação geriátrica, completa 17 anos. “O cachorro é muito companheiro. Tenho obrigações com a Daya que me ajudam a ocupar o tempo. A companhia dela me faz muito bem. Nem gosto de pensar como vai ser a vida sem ela”, diz.

Moradoras da Região Central de Belo Horizonte, Rossana e Daya saem para passear três vezes ao dia. Compromisso cheio de cuidados, especialmente com o recolhimento dos dejetos do caminho. “A sujeira é obrigação do dono. Precisa ser uma atitude natural. Infelizmente, nem todo mundo respeita”, critica. Rossana não gosta de aborrecimento com os vizinhos. Vivendo no 13º andar do Edifício JK, por vezes, subiu e desceu escadas para evitar os olhares de reprovação nos elevadores. “Hoje, não fazemos mais isso porque ela está bem velhinha e não aguenta”, lamenta.

Diabética, a lhasa apso Antônia toma insulina e tem o status de filha mais velha da casa onde mora(foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)
Diabética, a lhasa apso Antônia toma insulina e tem o status de filha mais velha da casa onde mora (foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)


Renata, Bruno e Antônia

A insulina aplicada duas vezes por dia em Antônia não desanima em nada a advogada Renata Marra Hillel Cardoso, de 36. Em 2012, a cuidadora da lhasa apso viveu momentos difíceis com a saúde da pequena de estimação, presente de casamento – mimo do marido, Walter Cardoso. Antônia chegou a ficar cega por 30 dias em decorrência da diabetes. A lhasa passou por internações, procedimentos cirúrgicos e trouxe muita preocupação para Renata, na época, grávida. “Foi um ano muito difícil”, diz.

Mãe de Gabriel, de 8, e Thiago, com 50 dias, Renata conta a chegada da shih-tzu Julieta, outra “filha” da casa, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Quando o Gabriel nasceu, a Antônia ficou com muito ciúmes. Entendemos que a Julieta seria boa companhia para ela.” Renata é cheia de história com Antônia. Dá-lhe o satus de filha mais velha. “Teve uma vez. Não esqueço. Meu marido se zangou com ela. Antônia até passou mal. Só melhorou depois que ele chegou do trabalho e se desculpou, dizendo que a amava”, sorri.

A veterinária Silva Vinhas dedica todo o carinho à pug Ming, cega e surda, e que vive com ela há 12 anos(foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)
A veterinária Silva Vinhas dedica todo o carinho à pug Ming, cega e surda, e que vive com ela há 12 anos (foto: Beto Magalhães/EM/DA Press)


Silvia e Ming

Ming, da raça pug, chinesa, presente de pai, ganhou batismo de brilho e luz. Carinho e sensibilidade da menina Silvia Costa Vinhas, adolescente, aos 16. Hoje, aos 27, doutora veterinária, Silvia dedica amor e conhecimentos especiais no trato de Ming, beirando os 12 anos, cega e surda. A pug passa por acupuntura de 15 em 15 dias e faz uso de remédios regulares. Em casa muito bem planejada no Bairro Santa Lúcia, Ming tem a companhia do border collie Noah e da SRD Tetê, adotada há quatro meses.


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