Jornal Estado de Minas

Avenida Paraná fechada traz transtornos a motoristas e pedestres

Primeiro dia de interdição foi de muito tumulto no Centro da capital

Um dos problemas no trânsito foi na saída do Viaduto B para a Rua Caetés - Foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press


O primeiro dia de interdição da Avenida Paraná, no sentido rodoviária-Mercado Central, no Centro de Belo Horizonte, para obras do transporte rápido por ônibus (BRT, sigla em inglês) foi de transtorno e desorientação nessa terça-feira para quem desconhecia as mudanças dos pontos de ônibus e de apreensão para comerciantes, que temem queda nas vendas e aumento da insegurançaA BHTrans registrou impacto no trânsito nas vias para onde o transporte coletivo foi desviado, principalmente na Rua Guarani e na Avenida Olegário MacielTambém houve movimentação maior de carros nas avenidas Afonso Pena e Santos DumontA situação deve piorar em fevereiro com o fim das férias escolaresA obra deve durar um ano.

A experiência recente das obras na Avenida Santos Dumont deixou a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) ainda mais preocupadaPara o vice-presidente da entidade, Anderson Rocha, é preciso evitar problemas já ocorridos, como assaltos e invasões a lojasSegundo ele, é difícil estimar o impacto nas vendas, mas a queda no faturamento é superior a 50%Para minimizar os prejuízos, a CDL reivindica a instalação de placas indicando as lojas situadas nos quarteirões fechados pelos tapumes da obra; mais policiamento e melhor iluminação da rua, além da agilidade na construção

Dono de uma loja de calçados, Francisco Maia, de 58 anos, disse que já sentiu ontem o prejuízo nas duas primeiras horas de abertura do comércio“Abro a loja às 7hO ponto de ônibus em frente ficava lotado e as pessoas tinham tempo de entrar na loja e comprar alguma coisa
Agora, está tudo deserto”, afirmou o comerciante, que já pensa em mudar de ponto

A cuidadora de idosos Neuza Lemos, de 41, não percebeu que a pista da Paraná estava fechada e aguardou o ônibus por vários minutos num ponto desativado, até ser informada das alteraçõesEla não prestou atenção no cartaz ao lado informando as mudanças“Vou ter que pegar o ônibus na Rua Curitiba, é um transtorno e já estou atrasada”, reclamouO bancário Adair Ferreira, de 73, também perdeu tempo esperando ônibus da linha 4033 na Paraná“Não percebi que a pista estava fechada”, disse o aposentado, que seguiu para a Rua Guarani.

Segundo a gerente de Operações da Área Central da BHTrans, Maria Odila de Matos, são cinco quarteirões interditados“Em maio ou junho, essa pista interditada será concluída e começam as obras na pista contrária”, dissePor dia, são 28,5 mil veículos nos dois sentidos da Paraná, incluindo 84 linhas de ônibus (39 da BHTrans e 45 do DER-MG)

Impactos

A gerente da BHTrans reconhece que o comércio da Paraná será afetado, mas não totalmente como ocorreu com as lojas da Avenida Santos Dumont“Mesmo a empreiteira fechando as obras da Paraná com tapumes, para maior segurança das pessoas, os passeios e travessias estarão liberados para pedestres e eles continuarão tendo acesso às lojas”, disse Maria Odila
O comerciante Francisco Maia discorda da BHTrans“O trânsito de veículos continua do outro lado da avenida, mas ficaremos isoladosVamos ficar escondidos atrás dos tapumes como ocorreu na Santos Dumont e várias lojas foram arrombadas”, disse Francisco

O comandante da 6ª Companhia, major Vitor Araújo, disse ser natural a apreensão dos comerciantes em funcão dos arrombamentos na Santos Dumont“Estamos montando esquema especial com motocicletas para percorrer espaços fechados na ParanáO policiamento será intensificado principalmente nas proximidades dos estabelecimentos de maior potencial de risco, como lojas de caça e pesca, que trabalham com armas de fogo e armas brancas”, disse.