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Estado de Minas

Minas Gerais tem recorde de separações conjugais

IBGE mostra que divórcios dobraram em Minas entre 2009 e 2011, depois que mudança legal facilitou separação. Mas uniões continuam aumentando, inclusive entre quem já foi casado


postado em 18/12/2012 06:00 / atualizado em 18/12/2012 06:41

Estampada na bandeira do estado, a palavra liberdade dá o tom das relações conjugais em Minas Gerais. Com mudanças na Constituição e o fim dos prazos para separação, a taxa de divórcios no estado cresceu acima da média do país. Ao mesmo tempo, o índice de casamentos em Minas se manteve acima do nacional. É o que revela a pesquisa Estatística do Registro Civil 2011, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Minas, a taxa é de 2,9 divórcios a cada 1 mil habitantes, mais que o dobro (107%) em relação a 2009, quando havia 1,4 divórcio por mil habitantes. A taxa também supera a nacional, de 2,6 divórcios por mil habitantes. O índice nacional é o maior registrado pelo IBGE desde 1984, início da série histórica, e representa aumento de 85,7% em comparação com 2009.


Em números absolutos, os divórcios no estado passaram de 27.769, em 2010, para 39.590 um ano depois, aumento de 42,5% – em relação a 2009, a alta foi de 112%. Já no Brasil, 351.153 relações tiveram fim em 2011, 45,6% a mais em relação ao ano anterior. A disparada dos divórcios é reflexo principalmente da aprovação, em 14 de julho de 2010, da Emenda Constitucional nº 66. A alteração proposta pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam) eliminou os prazos para o divórcio. Antes, havia o requisito da separação judicial por pelo menos um ano ou a separação de fato por, no mínimo, dois anos. De acordo com o presidente da entidade, o advogado Rodrigo da Cunha Pereira, esse contexto também influenciou a realização de mais casamentos. “Era uma grande interferência do Estado na vida das pessoas. À medida que o divórcio foi facilitado, as pessoas passaram a casar mais e a compor novas configurações de família, como a ‘mosaico’”, afirma Pereira.

Na avaliação de especialistas, a motivação de encontrar a alma gêmea mesmo depois de uma experiência frustrada tem aumentado a taxa de casamentos no estado, acima da média nacional. Enquanto em 2009 o índice era de 6,8 enlaces por mil habitantes, hoje a união de papel passado chega a 7,4 por mil habitantes, que representa, em números absolutos, 113.767 casamentos. No Brasil, a taxa saltou de 6,5 para 7, no mesmo período, num total de 1.026.736 casamentos. “Minas é o estado com menor proporção de relações consensuais, portanto, pode-se imaginar que a maior taxa de casamentos está ligada a um componente do tradicionalismo mineiro, mais resistente a uniões informais”, opina a analista do IBGE Luciene Longo.

Segunda tentativa

Marco Antônio, divorciado, e Cíntia se casaram em setembro:
Marco Antônio, divorciado, e Cíntia se casaram em setembro: "Sempre gostei de homens mais velhos. Sabia que o perfil que encontraria era o de um divorciado", diz ela (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Com isso, o que se observa é o aumento também do percentual de recasamentos, ou seja, uniões em que um dos cônjuges já foi casado. Se em 2010, do total de uniões firmadas, 17,3% eram recasamentos, no ano passado, esse número passou para 19,4% no estado. A maior parcela de enlaces nesse perfil (8,7%) ocorreu entre homens divorciados e mulheres solteiras, assim como o casal Cíntia Neves Silva, de 38 anos, e Marco Antônio de Moura Mesquita, de 57, que em setembro selaram a união com direito a cartório, bênção religiosa e festa, depois de seis anos de namoro.

Ela era solteira e ele, divorciado, pai de dois filhos. “Sempre gostei de homens mais velhos e, quando cheguei próximo aos 30, sabia que o perfil que encontraria era de uma pessoa divorciada. Ao mesmo tempo, sempre quis casar. Minha família é muito tradicional, meus pais são católicos. Não existe essa história de juntar”, conta Cíntia. Depois de um casamento de 16 anos, Marco Antônio diz estar pronto para recomeçar. “A gente tem que aprender com os erros. Acho que a maioria dos casamentos acaba por causa dos homens e hoje tenho convicção de que, se o homem não tiver uma mulher, ele não tem nada”, afirma.

De acordo com a pesquisa, é na faixa entre 20 e 29 anos que se concentra a maior taxa de nupcialidade do estado. Mineiras, normalmente, se casam aos 25 anos, um ano abaixo da média nacional, enquanto os homens selam a união aos 28, a média brasileira. As separações normalmente ocorrem quando o homem está com 42 anos e as mulheres, 39.


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