Presépio encanta comunidade no bairro Betânia

Uma viagem no tempo movida pela fé, emoção e beleza. Uma quadra de esportes do Bairro Betânia, na Região Oeste de Belo Horizonte, se transformou, no fim de semana, em Belém, a cidade onde Jesus nasceu, com direito a mercado de frutas, estrebaria com animais vivos, olaria, bica para as lavadeiras, sinagoga e muitos outros espaços por onde circularam mais de 100 voluntários vestidos como os judeus da época do nascimento de Cristo. Esta é a primeira vez que a Paróquia de São Sebastião, em parceria com a comunidade religiosa Villaregia, faz o presépio. E, diante do grande número de visitantes, vai repetir a dose no ano que vem, segundo o padre César Serrau. Ele explicou que a montagem do cenário sagrado demandou três meses e só foi possível graças às doações. “O objetivo é envolver as pessoas diante da verdade do Natal. Temos aqui até o pão ázimo, feito sem fermento”, contou.

A equipe coordenadora se esmerou nos detalhes – da entrada ao presépio. Quem chegava à quadra era convidado a dar o nome e endereço, como se estivesse participando do recenseamento ocorrido nos tempos do rei Herodes. Depois, havia homens vestidos de ferreiros e uma taberna. A poucos metros dali ficava um dos lugares preferidos dos visitantes para tirar fotos e conversar com os figurantes. Era a bica de água corrente. As irmãs Lilia Macedo e Leila Macedo Almeida, Sílvia Ferreira Dias Coelho e Maria do Socorro Oliveira levavam a sério o papel, ensaboando e lavando lençóis e outras peças.

“Eles conseguiram recriar os costumes da época em que Jesus nasceu. E todas as pessoas estão em atividade”, disse a dona de casa Maria de Fátima, acompanhada do marido, o armador Gilcimar Rodrigues França, da mãe, Maria de Fátima, dos filhos Gabriela e Gabriel, e dos sobrinhos João e Cauã, moradores do vizinho Bairro Palmeiras. No tear, a aposentada Marina Silveira, de 54, ensinava Mariana Gonçalves, de 9, a usar o equipamento. “Hoje eu sou uma tecelã dos tempos de Jesus”, brincou Marina.

Na área de tecelagem, um grupo de mulheres dava forma a uma tapete. Já os sapateiros mostravam os calçados da época, no caso, uma sandália de couro, bem fina, fruto da criação de Jésus Lopes, Celsino Valverde de Souza, Pedro de Souza Almeida e Paulo Henrique Lima.

À noite, houve a apresentação de todas as figuras no palco que recriava o cenário no qual Jesus nasceu. Mas, na tarde de ontem, muito gente preferiu se adiantar e foi ver de perto a sagrada família, formada pelo casal Welliton Augusto Coutinho (São José) e Leila (Virgem Maria) e a filha Júlia, de 2 meses. “Hoje, é a ‘menina’ Jesus que está aqui”, brincou o pai, enquanto acariciava o bebê.

BICHOS Os animais foram uma atração à parte, principalmente para as crianças. Na entrada, diante da placa Bem-vindos a Belém, estavam os cavalos, como se homens de 2 mil anos atrás os tivessem deixado às portas da cidade. No meio do caminho, um pequeno cercado com pintinhos e, perto da manjedoura, os carneiros. “Conseguiram plantar a semente da emoção nos nossos corações”, afirmou Daniela Patrícia, com o marido, André Henrique da Costa, engenheiro, e as gêmeas Rafaela e Mariana, de 1 ano e 2 meses.

Enquanto isso...
Tradição mantida
A forte tradição dos presépios é mantida desde os tempos coloniais em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. E muitas casas já estão com os seus prontos, com manjedouras, imagens, montanhas de panos com esmeril e plantas. Na próxima quinta-feira começa o Circuito Municipal de Presépios de Santa Luzia, com um roteiro de mais de 30 residências que permitem a visitação. Informações no Museu Histórico Aurélio Dolabella, com o historiador Marco Aurélio Carvalho Fonseca, pelo telefone (31) 3641-5204.