Restauração de peças sacras à mostra na capital

Dia de valorizar os bens culturais, conhecer o trabalho dos restauradores e saber mais sobre a história da arte. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), com sede na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, abriu as portas, ontem, para moradores e visitantes participarem do programa Ateliê Vitrine. Até outubro do ano que vem, sempre às sextas-feiras, a comunidade poderá acompanhar o trabalho de especialistas que recuperam peças sacras de cidades como Serro, Conceição do Mato Dentro, Belmiro Braga, Congonhas do Norte, Minas Novas, Belo Vale, Chapada do Norte e Piranga. “É uma troca importante com a população, que vê a aplicação de recursos públicos no acerco mineiro e tem oportunidade de ver a condução do serviço”, disse a gerente de Elementos Artísticos do Iepha, Ana Martins Panisset.

“O programa Restauração de Acervos Ateliê Vitrine tem caráter educativo e estará aberto a professores, estudantes, párocos e zeladores de igrejas e capelas, diretores de museus e demais interessados na preservação do patrimônio cultural”, informa Ana. Depois de um passeio na praça e um bate-papo no banco do jardim, as estudantes Maria Elisa Santiago e Júlia Rodarte, ambas de 17 anos, e Amanda Batista, de 19, estiveram no ateliê, admiraram as imagens, principalmente a de São Francisco, e conversaram com os especialistas. “É uma iniciativa importante, pois as pessoas veem o processo de restauração”, afirmou Maria Elisa, enquanto a colega Júlia considerou um “resgate da cultura”. Para Amanda, o conhecimento leva à preservação e, dessa forma, as comunidades vão conservar melhor seus bens culturais. As três jovens ouviram com atenção as explicações da restauradora Juliana Ramos.

Professor de conservação e restauração na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Humberto Farias, de 38, em visita à cidade, fez questão de ir ao Ateliê Vitrine. “Este local junta ciência, arte e história da arte. O trabalho permitirá que as futuras gerações tenham acesso a esse patrimônio”, afirmou Humberto, ao lado da namorada Nathália Vieira Serrano, de 27, formada em restauração na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Os recursos para a empreitada são do Programa Minas Patrimônio Vivo, do governo estadual, e Fundo de Direitos Difusos, sendo firmada parceria com a Escola de Belas-Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para pesquisa mais aprofundada das imagens, com análises científicas (conhecimento das madeiras, intervenções com total segurança, coleta de material e radiografia) no Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor) da instituição federal, no câmpus da Pampulha. Sob fiscalização do Iepha, atuam duas empresas contratadas –Memória Arquitetura, sob responsabilidade técnica da especialista Carla Castro Silva, e Acantos, a cargo de Elisabeth Kiefer.

Uma das novidades do Ateliê Vitrine é que as pessoas que não puderam vir à capital poderão acompanhar o processo de recuperação das peças no blog Restauração de Acervos, acessado no site do Iepha. A cada 15 dias, adiantam os restauradores, serão postadas fotos e comentários sobre o serviço. Ana ressalta que todas as imagens são de igrejas integrantes do programa Minas para Sempre, donas, portanto, de toda segurança, com alarmes e sistema de conservação eficazes. “Dessa forma, elas estarão protegidas.”