Arnaldo Viana e Sandra Kiefer
A balconista da loja da Drogaria Araujo, quase na esquina das avenidas do Contorno e Getúlio Vargas, Região da Savassi, Centro-Sul de Belo Horizonte, estranhou quando ele entrou, meio sorrateiro, com as grandes orelhas caídas. Era noite de domingo, 25 de novembro. Queria a inusitada figura um medicamento? Comida? Mas o estranho nem cliente era. Simplesmente entrou e se ajeitou sob uma escada. Buscava proteção e ninguém na farmácia conseguiu se aproximar dele e muito menos expulsá-lo. Rosnava e mostrava os dentes. Tratava-se de um cão fila brasileiro, de pelo cinza amarelado. Chamados, os bombeiros o capturaram com dificuldade e o levaram para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da PBH.
A invasão da drogaria e as cenas da captura registradas em foto pelos bombeiros não foram o começo da saga de Pivete.
Pivete (hoje Adamastor) era ajudante do vigia de uma obra que Maurício Guedes toca com o filho na Rua Canápolis, no Bairro da Serra, Região Centro-Sul. O aposentado conta que em 22 de novembro se internou no Hospital Madre Teresa para trocar a prótese instalada em um dos braços.
O aposentado conta que saiu do hospital quinta-feira da semana passada, quando ficou sabendo que o cachorro estava no canil municipal. Lá recebeu a informação de que o fila havia sido adotado. O CCZ informa, por meio de nota, que, de acordo com o Decreto Lei 5.616/1987, o animal fica sob a guarda da unidade durante três dias úteis para que o dono possa resgatá-lo. Passado esse prazo, entra no programa de adoção.
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Cachorro que invadiu farmácia na Savassi ainda aguarda o donoCachorro invade farmácia e assusta clientes na SavassiSem saber o que mais fazer para reaver o cão, Maurício pediu ajuda a Franklin Oliveira, dono de uma ONG dedicada à proteção de animais e funcionário da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que nada pôde fazer. O caminho para ele, agora ,é o Juizado Especial.
SAIBA MAIS: ORIGEM EUROPEIA
O fila chegou ao Brasil pelas mãos dos colonizadores europeus. É animal de faro apurado e foi muito usado para ajudar na captura de escravos foragidos. Aqui, a raça cruzou com outros cães e ganhou o nome de fila brasileiro. Tem forte estrutura óssea e foi, ou ainda é, usado também por fazendeiros no trato com os bovinos. Tem temperamento forte, mas domesticado revela-se um cachorro tolerante com crianças, comportado e seguro.
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