A Topus Construtora S/A terá que pagar caução de R$ 5,25 milhões para os moradores do Edifício Ouro Preto 2, que teve a estrutura abalada por causa das obras de ampliação do Shopping Villaggio Anchieta, na Região Centro-Sul de BH. A decisão é da 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). O pagamento, determinado no último dia 4, deve ser feito em até cinco dias com multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. De acordo com o Tribunal, o valor deve assegurar a indenização para os proprietários do edifício caso ele venha a sofrer danos.
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Moradores do edifício Ágata vão receber quase R$ 4 mi de indenizaçãoAudiência de conciliação pode resolver situação dos moradores do edifício Ágata nesta sexta-feiraShopping terá que pagar R$ 4,5 milhões aos moradores do Edifício ÁgataVizinhos só querem voltar para casa com a demolição do ÁgataResponsáveis pelo Shopping Plaza Anchieta são dispensados de pagar caução a moradoresMoradores do Bairro Anchieta não devem receber caução do Shopping PlazaJustiça adia julgamento sobre paralisação de obras do Shopping Plaza AnchietaConstrutora que terá de pagar caução a moradores vizinhos ao Ágata estuda recursoCom a decisão, foi confirmada a sentença do juiz Llewellyn Davies Medina, da 13ª Vara Cível de Belo Horizonte.
O pedido foi feito por moradores dos prédios Ouro Preto 2, Érika, Lenise e Mônica, vizinhos do Ágata – o prédio mais atingido - e que também apresentaram trincas e rachaduras após do início da edificação da construção do shopping. De acordo com o Tribunal de Justiça, as construtoras não depositaram os valores fixados e entraram com recursos contra as decisões. O agravo de instrumento da Topus Construtora alegava que a realização de obras reparatórias tornava desnecessário o pagamento de caução, já que eliminava o risco de desabamento. A empresa afirmava também que a perícia era dispensável devido às reformas realizadas.
Decisão
No TJMG, os desembargadores Guilherme Luciano Baeta Nunes e José de Anchieta da Mota e Silva, respectivamente o primeiro e o segundo, consideraram que há incerteza quanto à inexistência de riscos. Com base nisso, eles negaram provimento ao recurso.
Mota e Silva afirmou que, ao não depositar a quantia estipulada há mais de um ano e seis meses pelo TJMG, a construtora foi desrespeitosa e descumpriu ordem judicial. Segundo o magistrado, a Topus não poderia sustentar que a caução representa “inquestionável perigo de lesão e de difícil reparação”, pois o valor apenas ficaria à disposição da Justiça.
Para o desembargador, não se trata de uma empresa de pequeno porte, pois a Topus dispõe de capital para um empreendimento como um shopping no Bairro Anchieta, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte.
O relator do recurso, desembargador Arnaldo Maciel, votou pela revogação da obrigatoriedade de depositar o valor em juízo, mas foi vencido. Ele entendeu que, embora o caso fosse similar ao do edifício Ouro Preto 2, a situação do Ágata era distinta, porque o prédio foi evacuado apenas por precaução, não havendo perigo de desabamento.
A advogada Letícia Ateniense, do escritório Oliveira Filho Advogados, que representa os moradores dos edifícios Ágata, Lenise e Ouro Preto 2, espera que a empresa deposite o valor em dinheiro ou contrate uma fiança bancária. Segundo ela, caso a decisão não seja cumprida, o juiz deve analisar os outros pedidos feitos pela defesa, entre eles o bloqueio das contas dos responsáveis pelo empreendimento.
Oito famílias moravam o Edifício Ouro Preto 2. Atualmente, elas estão em outras moradias, mas continuam enfrentando transtornos. “Eles estão em apartamentos custeados pelos empreendedores, mas todos os meses eles atrasam os pagamentos e a taxa de condomínio. Fica uma situação desconfortável e há várias obras que precisam ser feitas no edifício para que ele volte ao seu estado anterior”, afirma.
A assessoria do Shopping Plaza Anchieta informou que não vai se pronunciar sobre o caso, pois a decisão da Justiça é apenas para a construtora responsável pela obra.