A restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Matias Cardoso, no Norte de Minas, está prestes a se tornar realidade. O Ministério Público de Minas Gerais confirmou a contratação do projeto de restauro no prazo máximo de três meses, na cidade que fica a 685 quilômetros de Belo Horizonte. Inquérito civil público instaurado há dois anos pelo MP constatou a necessidade de recuperação do templo, do século 17, considerado o mais antigo do estado.
O imóvel, que remonta ao ano de 1695, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1954, como um dos marcos pioneiros do povoamento bandeirante do sertão do Rio São Francisco. Na investigação iniciada em 2010 pela Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Turístico e pela Promotoria de Justiça de Manga, foi apurado que o imóvel encontra-se em péssimo estado de conservação e precisa de completa restauração dos elementos arquitetônicos e artísticos, bem como de revitalização do entorno.
Na semana passada, em reunião realizada pelo Ministério Público, ficou acertado que a recuperação dos elementos arquitetônicos ficará a cargo do Iphan, que estabeleceu parceria com uma empresa mineradora para a intervenção, a partir de março de 2013. A elaboração e execução dos projetos de restauro dos elementos artísticos, de revitalização do entorno e iluminação externa ficaram a cargo do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), que fará as contratações também no próximo ano, por meio do Programa Minas, Patrimônio Vivo.
O promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, coordenador da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Turístico, acredita que em dois anos serão concluídas as intervenções. “Tão logo ficamos sabendo dos problemas estruturais da matriz, iniciamos as investigações, com a realização das perícias necessárias. Agora, temos que olhar para a frente, para a restauração desse símbolo da conquista e do povoamento do Norte mineiro.
De acordo com o promotor, apesar de a matriz de Matias Cardoso ter sofrido furtos de várias peças, os bens do templo são de grande relevância histórica e artística. “Os chamados bens integrantes dos altares remetem ao início do século 18. Os elementos trazem talhas em madeiras características do Norte mineiro, com influências indígenas, de grande valor artístico”. Marcos Paulo destaca ainda a importância da igreja nos relatos do desbravador inglês Richard Burton, em 1867, que falava de sua admiração pelo templo na época.
Capital simbólica
Hoje Matias Cardoso se torna a capital mineira. A transferência simbólica, em sua segunda edição, faz parte do Dia dos Gerais, instituído por meio da Proposta de Emenda à Constituição do Estado de Minas Gerais 21/2011. Matias Cardoso foi escolhida pelo destaque histórico que teve como núcleo urbano pioneiro na formação do estado.