Pedro Ferreira e Guilherme Paranaíba
Em menos de 24 horas, três incêndios mobilizaram bombeiros e provocaram pânico em Belo Horizonte. O mais grave deles, por ter ocorrido em uma unidade de saúde, foi registrado no meio da tarde, no fosso do elevador de roupa suja da Santa Casa, mobilizando funcionários e assustando quem passava pela Avenida Francisco Sales, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A fumaça saía pela janela do subsolo e várias pessoas telefonaram para o Corpo de Bombeiros, que mandou uma grande equipe ao local. A brigada do próprio hospital conseguiu debelar as chamas, mas os militares perceberam falhas na segurança da unidade e anunciaram uma vistoria para avaliar a estrutura.
Mais cedo, por volta das 6h, uma coluna de fumaça preta havia assustado moradores do Bairro Floresta, na Região Leste de BH. Um pequena oficina que faz reforma de sofás pegou fogo e todo o material que estava no estabelecimento, incluindo móveis e uma Kombi, foi consumido pelas chamas. Não houve vítima. Na terça-feira, um incêndio já havia levado pânico também a um prédio residencial de 14 andares no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul, destruindo um dos 56 apartamentos do edifício.
CIGARRO Na Santa Casa, o tenente Leonardo Piekarz, do 1º Batalhão de Bombeiros Militares, acredita que alguém tenha jogado uma ponta de cigarro acesa no fosso, o que teria provocado o incêndio em roupas acumuladas no subsolo. Mas ele não descartou a possibilidade de haver fios desencapados, que poderiam ter causado um curto-circuito. O militar percebeu que a abertura do fosso não está isolada em alguns andares e alertou sobre o risco de alguma pessoa cair ou se jogar de um dos 13 pavimentos. “Algum paciente com distúrbio psicológico pode se jogar lá dentro.
A assessoria de imprensa da Santa Casa informou não ter havido pânico por causa do princípio de incêndio, pois a corrente de vento levou a fumaça para fora do prédio e assustou mais quem passava pela rua. O movimento do hospital não foi afetado. O fogo ocorreu no porão da ala antiga do hospital, onde ficam o setor de informática, o departamento de manutenção e a agência bancária. Os pacientes ficam internados a partir do segundo andar, de acordo com a instituição.
Ainda segundo o hospital, antigamente havia uma base elevatória no fosso para subir com material, mas ela foi desativada e hoje o espaço é usado para armazenar roupas sujas. Para os bombeiros, frequentadores do prédio também jogam lixo e cigarros acesos pela abertura, o que reforça a necessidade de isolamento das aberturas em todos os andares.
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Militar do Corpo de Bombeiros, o tenente Leonardo Piekarz alerta que boa parte dos incêndios atendidos pela corporação têm estreita ligação com negligência ou descuido. “Muitas vezes encontramos sistemas elétricos mal dimensionados e uma sobrecarga acaba causando incêndios que podem se espalhar. Nas residências é muito comum atenderemos ocorrências de panelas esquecidas no fogo”, afirma o bombeiro. Outra situação inadequada, segundo o militar, é acondicionamento de materiais combustíveis de forma desorganizada. “Se você coloca uma quantidade muito grande de material combustível em local pequeno, com pouca ventilação e sem sistema preventivo, na verdade você está aumentando a vulnerabilidade sem criar medidas para solucionar possíveis problemas”, diz o tenente.