Na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, no território de bairros como Luxemburgo e Vila Paris, havia uma floresta de densa vegetação, rica em espécies nativas do cerrado. Com o tempo, a área, conhecida como Mata do Mosteiro, foi sendo ocupada por edifícios de apartamentos e outras construções. A prefeitura vem tendo dificuldade para conter o desmatamento do pouco verde que resta. Enquanto pedem fiscalização mais firme, moradores da vizinhança têm à disposição um parque municipal que, aberto ao público, ainda é pouco conhecido e frequentado. Em 1949, um grupo de monjas beneditinas instalou na área o Mosteiro de Nossa Senhora das Graças, que deu nome à floresta do entorno e à Rua do Mosteiro, o endereço atual do prédio. Permite-se a entrada de visitantes, que podem conhecer as capelas e outras instalações. O terreno abriga uma das porções mais bem preservadas da mata, mas o acesso a essa parte é exclusivo às religiosas em condição de clausura. Algumas chácaras e sítios particulares também mantêm algo da antiga exuberância.
Porém, o único fragmento remanescente aberto ao público está guardado no Parque Mosteiro Tom Jobim, no Bairro Luxemburgo.
O parque Tom Jobim abriga pelo menos 50 espécies de árvores, a maior parte delas nativa do cerrado, como ipês, guapuruvu, pau-jacaré e sangradeira e muito bambu e ficus. Ainda são cultivados pés de fruta herdados da chácara que ocupava a área, como bananeiras, mangueiras, goiabeiras, ameixeiras e pitangueiras. Também há cerca de 30 espécies de plantas ornamentais, entre elas maranta, moreia, costela-de-adão e jasmim-do-cabo. Um dos canteiros é tomado pelo amarelo das flores de outras espécies.
Para as crianças, o parque oferece playground com gangorra e outros brinquedos. Uma quadra de areia se destina à prática de vôlei e peteca. Em alguns recantos, há bancos e mesinhas circulares. A fauna é composta por dezenas de espécies, como micos, gambás, insetos e aves, como beija-flor, pica-pau, rolinha e bem-te-vi. Moradora há 24 anos de um edifício em frente ao parque, a aposentada Maria Zélia Rocha, de 64 anos, extasia-se quando as maritacas alçam voo no final da tarde. “Elas saem em bandos de umas 100 ou 200. É uma beleza”, diz. “E os ipês, quando ficam amarelinhos, são uma maravilha”, acrescenta.
De vez em quando, Zélia vai ao parque para passear com sua cadela, Maggie.