Cerca de 150 pessoas estiveram nessa terça-feira à noite no Teatro Marília, para assistir à palestra do nigeriano Wole Soyinka, primeiro escritor africano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1986. Ativista político e morando nos EUA, onde é professor universitário, ele esteve em Belo Horizonte para discutir a participação do Brasil, com ênfase para Minas, no Festival Internacional de Arte Negra, em Lagos, ex-capital da Nigéria, em 2013. A apresentação do escritor foi feita por Geraldo Muzzi, ex-embaixador brasileiro na Nigéria.
Autor de vários livros, entre eles O leão e a joia, lançado este ano no Brasil, pela Geração Editorial, Soyinka, que nasceu em Abeokuta, no Oeste nigeriano, em 1934, disse ter esperanças de que sua presença em Minas signifique o início de maior proximidade do estado com a Nigéria. “No nosso caso, não acredito em intercâmbio, pois estou aqui no Brasil para dar continuidade a uma integração cultural que já existe entre nossos países, e o Festival de Arte Negra só reforçará ainda mais esses laços”, disse.
De família humilde, de origem Yorubá, o escritor conseguiu entrar para a universidade de Ibaden aos 20 anos e graduar-se em literatura inglesa, em Londres, três anos depois. De volta a seu país, nos anos de 1960, após a independência, foi preso por dois anos, por se opor ao regime vigente. Na prisão, aproveitou para escrever clandestinamente.
Antes da palestra houve uma apresentação do Coral Agbará, dirigido pelo maestro Robson Lopes e Eda Costa, além de uma leitura dramática de trecho da peça O leão e a joia, com direção de Adyr Assumpção. A artista plástica nigeriana Olusegun Akirunli, residente em BH, pintou ao vivo um quadro com motivos inspirados na obra de Soyinka. .