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Estado de Minas

Pacientes do interior tem castigo a mais


postado em 11/11/2012 07:20

Se os pacientes que moram na capital já “mofam” na fila da saúde, no interior o caminho das pedras até o especialista é ainda mais árduo. Cidadãos que não moram na capital e batalham contra doenças acabam tendo que entrar na mesma lista de espera de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de Belo Horizonte, que tem hoje 20% de sua demanda voltada para pessoas de fora da cidade. Com um agravante: quem vive em outros municípios precisa contar com a boa vontade das secretarias locais de Saúde, responsáveis pelas autorizações dos procedimentos.

Situações que podem ser vistas no setor de Oncologia da Santa Casa de Misericórdia, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. De acordo com a assistente social Lílian Ferraz, há demora na realização de exames de alto custo, como ressonância magnética e ultrassom.

“O sistema de saúde é obrigado a garantir o atendimento, mas ele é deficiente e não dá conta. Temos casos de pacientes que não podem esperar e pagam entre R$ 200 e R$ 300 por exame. Em outras situações, conseguimos organizações não governamentais que assumem esse custo, para dar continuidade ao tratamento. Ultimamente, o que temos ouvido de várias secretarias municipais é que devemos esperar para resolver com a próxima gestão das prefeituras, a partir de janeiro.”

A assistente social cita o caso de um menino de 5 anos com câncer nos olhos, que espera desde março pela autorização de uma consulta com especialista em São Paulo, encaminhado pela Santa Casa. A criança mora em Conselheiro Lafaiete, na Região Central, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, e precisa trocar sua prótese visual três vezes por ano. Neste ano, porém, isso ainda não ocorreu. “Já recorremos à Promotoria de Justiça da Saúde e da Infância e Adolescência de Lafaiete, porque a secretaria municipal não está se empenhando. Essa é uma situação preocupante, porque a criança está recuperada, mas esses fatores podem trazer a doença de volta”, diz Lílian. Procurada, a Prefeitura de Conselheiro Lafaiete não se manifestou sobre o assunto.

Humilhante

Hipertensa, a faxineira Valdívia Pereira Costa, de 51, não consegue marcar uma consulta de retorno ao cardiologista há três anos. Quando procurou pela primeira vez o médico em um posto de saúde de Santa Luzia, na Grande BH, teve que esperar um ano. Os exames, ela preferiu fazer “no particular”. E pagou R$ 70 por uma consulta para pedir a troca de remédios, que não estavam fazendo bem a ela.

“A gente entrega o pedido do médico para a gerência do posto e eles mandam para a secretaria (Municipal de Saúde), que marca o retorno e os exames e devolve as datas para o posto. O problema é que os exames levam mais de 30 dias e até agora, três anos depois, ainda não fui chamada para voltar ao médico. Mas o corpo cobra. Tive que apelar para o particular”, conta.

Valdívia sabe que deveria visitar o cardiologista uma vez por ano, para refazer os testes e controlar a medicação pesada. Valdívia diz que a saúde pública não funciona e fica indignada com o tratamento que a população recebe: “É humilhante. É como se eu estivesse pedindo um favor”. Na Prefeitura de Santa Luzia ninguém foi encontrado para comentar o assunto.


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