Em Guidoval – uma das cidades mineiras mais castigadas pelas enchentes do verão passado, na Zona da Mata –, apenas 30% dos R$ 2,339 milhões prometidos para recuperação chegaram, enquanto nenhum investimento foi feito para evitar mais perdas, diz o prefeito Elio Lopes dos Santos (PMDB)Segundo ele, para que a cidade não corra o risco de reviver a tragédia do início do ano, seria necessária a construção de um dique“Nós mandamos projetos, mas tudo só ficou na conversaEles (o governo federal) ainda estão estudando o valor das obras de prevenção”, acrescentou.
A situação em Dona Euzébia, na mesma região, é ainda piorNem mesmo os R$ 180 mil previstos para socorro aos afetados pelas chuvas que castigaram a cidade em 2 de janeiro chegaramO prefeito Itamar Ribeiro Toledo (DEM) alerta que o município não está preparado para novos temporais
Ubá, também na Zona da Mata, é outra cidade que continua à espera de receber R$ 1,5 milhão prometido pelo governo federal para recuperação“O que a gente está cobrando não podia demorarO município não aguenta ficar com a ponte no chão”, ressalta o prefeito Edvaldo Baião (PT), acrescentando que também não tem previsão de quando vão chegar os recursos para as obra de prevençãoEm Além Paraíba, a prefeitura informou que a cidade tampouco recebeu verba para recuperação dos estragos causados pelas chuvas passadas.
Atrasado
Em relação a investimentos do estado, o governo informou que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) aplicou este ano R$ 110 milhões na recuperação de pontos danificados nas rodovias estaduais, incluindo a ponte de Guidoval na MGC-120No que se refere a ações preventivas, o DER realizou, no período da estiagem, segundo o governo, serviços de conservação que incluem a limpeza de canais de água e do sistema de drenagem, operação tapa-buraco nas rodovias pavimentadas e patrolamento das rodovias não pavimentadas.
Por sua assessoria, o Ministério da Integração informou que a maioria dos pedidos que chegam das prefeituras se referem a obras para reconstrução e assistência às vítimasConforme o ministério, solicitações para prevenção não são frequentesEm relação às verbas para obras de recuperação dos danos da última estação chuvosa, a pasta não se manifestou.
Análise da notícia
Enredo anual de omissão
Roney Garcia
Entre a prevenção que não chega e a recuperação que demora há muito mais que relações políticas, boas ou más, entre governos de todos os níveis, prefeitos em último ano de mandato e falta de dinheiro ou de capacidade de investi-lo: há vidasVidas perdidas, como as primeiras a entrar para a contabilidade oficial neste ano, ou destruídas pela água que carrega casas e sonhosNão chega a surpreender o fato de que cidades como Guidoval, arrasada na última estação chuvosa, não tenham ainda conseguido sequer o dinheiro prometido para se reerguer, já que nem mesmo a capital, com todo o seu peso e visibilidade políticos, teve suas demandas atendidasPassados 11 meses do dezembro mais chuvoso da história do estado, os mineiros se preparam para ver novamente cumpridas as previsões de fim de ano: tempestades, prejuízos e mortesO investimento para mudar essa rotina? Quem sabe no ano que vem...