Jornal Estado de Minas

Bombeiros retomam buscas por crianças desaparecidas durante chuva na Grande BH

O carro em que elas estavam foi arrastado pela enxurrada ao tentar atravessar um córrego na Serra do Cipó, em Jaboticatubas. Duas crianças morreram e com essas vítimas sobe para seis o número de mortos nesta temporada de chuvas em Minas

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri Landercy Hemerson Gustavo Werneck

- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil.

Os bombeiros retomaram na manhã desta segunda-feira as buscas por duas crianças desaparecidas durante um temporal na tarde de domingoO carro em que elas estavam foi arrastado pela enxurrada ao tentar atravessar um córrego na Serra do Cipó, em Jaboticatubas, na Grande BHDuas crianças morreram na hora: Laura Quintino dos Santos, 2 anos, e Miguel Julio Reis, 4 anosO velório e enterro deles deve acontecer no Cemitério do Colina, em BHAs outras são procuradas no rio pelas equipe de mergulhadores dos bombeirosUm helicóptero da corporação também ajuda nas buscas

Família e amigos estavam no sítio do sociólogo Breno Calábria passando o feriado, no povoado de Vila FelipeQuando viram que o tempo estava fechando, decidiram retornar para Belo HorizonteEra por volta de 15h quando a tromba d’água atingiu a região da Serra do BenéBreno estava em uma Mitsubishi L-200 cabine dupla com as crianças e mais duas mulheres quando passou por um córrego, antes apenas um filete de água, mas que com a chuva subiu de repente mais de dois metrosO carro foi arrastado pela correnteza.

Pessoas que passaram pelo local logo após a tragédia chamaram socorro

Breno foi levado para o Hospital Odilon Behrens, no Bairro São Cristóvão, na Região Noroeste de Belo Horizonte, onde foi operado, no início da noite, na clavículaPara o HPS foram transportados pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), a médica Andréia Julião de Oliveira, e a amiga Daniela Correia Sidney, de 42

Chuvas em Belo Horizonte


A estrada de terra da propriedade até Jaboticatubas tem cerca de 15 quilômetrosSegundo os bombeiros que prestaram socorro, o carro foi arrastado por 50 metros e ficou preso entre árvoresSegundo o tenente Wellington Azevedo Ramos, do 3º Batalhão de Bombeiros, encarregado da ocorrência, o corpo de uma menina de quatro anos foi encontrado entre as árvoresJá o corpo do menino foi localizado a dois quilômetros de onde estava o veículo, à beira de um córregoA localização só foi possível graças à equipe aérea dos bombeiros, sob comando do tenente João Bosco, que, num helicóptero, rastreou a região em busca das crianças

 

Veja imagens da chuva de domingo

Expectativa

No fim da tarde, tão logo souberam do acidente, parentes e amigos das vítimas estiveram na portaria do HPS e Odilon Behrens em busca de notíciasO tio de Andréia, o engenheiro Márcio Magalhães, morador do Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul, contou que Breno e a família sempre passam os fins de semana no sítio em JaboticatubasDurante muito tempo falando ao celular para dar informações aos familiares, Magalhães disse que Andréia chegou consciente ao Hosptial João XXIII
Por volta das 18h, ele explicou: “Até agora, o que sabemos é que o carro foi atingido por uma forte enxurradaEles já estavam voltando para casa quando tudo aconteceu”, disse.

A amiga da família, a empresária Guisla Gebauer, também esteve no HPS para prestar solidariedade à família e ter informações“Breno, Andréia e Beatriz vão sempre ao sítioJá sabemos que os ferimentos não são graves”, disse Guisla, informando que os parentes estavam em clima de expectativa, embora “tranquilos”

Com as duas crianças, sobe para seis o número de mortos nesta temporada de chuvas em Minas GeraisDesde setembro, as águas já provocaram danos em nove municípios, deixando 114 pessoas desalojadas e oito desabrigadas, com 160 casas danificadasAs ocorrências foram de enchentes, vendavais, chuva de granizo, temporais e queda de raiosOs municípios prejudicados são Bambuí, Itanhomim, Senador Firmino, São Thomé das Letras, Três Corações, Itaguara, Campos Gerais e Brumadinho

Chuva na cabeceira

O termo tromba d’água, usado popularmente para explicar uma concentração de chuva em determinado lugar, é cientificamente erradoPara essa situação, o correto é usar a palavra “aguaceiro”, segundo o meteorologista Ruibran dos ReisUma tromba d’água ocorre, na verdade, quando um tornado se forma no mar e segue para o continenteJá o aguaceiro é quando há concentração grande de chuva num curto espaço de tempo, aumentando o volume na cabeceira dos córregosO meteorologista informou que o fenômeno ocorreu ontem por causa de uma frente fria no estado desde sexta-feira, criando vários aglomerados de nuvensHoje, ela deve atuar nas regiões Norte e Nordeste, onde pode chover forteO tempo fica nublado em todo o estadoBelo Horizonte ficará parcialmente nublada