A jovem entrou com ação no Juizado Especial das Relações de Consumo e anexou fotos dos filmes em cartaz na data em que foi ao cinemaEla comprovou que não havia sessão legendada para os filmes “Shrek” e “Meu malvado favorito” A deficiente auditiva também foi até uma delegacia e registrou boletim de ocorrência.
O Cienart contestou o pedido de indenização sob alegação de que a jovem não provou os danos materiais e morais sofridosNo entanto, o juiz Fabrício Simão da Cunha Araújo argumentou que é dever das empresas disponibilizar, ainda que em quantidade mínima, salas e filmes legendados, para assegurar o acesso efetivo da totalidade das pessoas, especialmente dos deficientes auditivos.
O juiz ainda comentou que os filmes não podem ser exibidos só no formato dublado“Ainda que houvesse outros filmes legendados sendo exibidos, é necessário que, ao menos, um filme por gênero seja exibido no formato legendadoCaso contrário, seria o mesmo que excluir das crianças deficientes auditivas o acesso ao cinema, já que em regra só se interessam e só podem assistir aos filmes animados”, concluiu.
O magistrado destacou que é totalmente relevante o sentimento de discriminação e descaso sofrido pela jovem“Bastava ter um pouco mais de atenção, respeito e solidariedade ao consumidor”, afirmou na decisãoAssim, o juiz determinou que a Cineart pague R$ 10 mil como dano moral à jovem e outros R$ 10 mil como parcela pedagógicaO último valor será destinado à Creche Agostinho Cândido de Souza
O namorado da jovem, também deficiente auditivo, entrou com o mesmo processo naquela época, mas o dano moral foi indeferidoO processo dele foi julgado improcedente, em 2011, quando a Justiça entendeu que não há previsão legal obrigando o cinema a exibir filme legendado em todos os horários, salas e dias
De acordo com o advogado do Cineart, Erasmo Cabral, o casal foi ao cinema à tarde, mas havia sessão legendada de Shrek à noiteSegundo ele, o casal não foi enganado porque no cinema havia informações claras sobre as sessõesCabral ainda ressaltou que a responsabilidade de enviar um filme dublado e legendado é do distribuidor, não do exibidor como o CineartA empresa tentou conciliação com o casal, oferecendo ingresso para outra sessão, mas ele preferiram o caminho no juizadoO Cineart vai recorrer da decisão, que é de primeira instância.