Pois é essa última regra, da não comercialização da gravidez, que o advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), também pretende quebrar“Quando se falou pela primeira vez em união estável no Brasil e mais tarde em união homoafetiva, parecia também uma aberraçãoDaqui a 10 anos, a prática vai ser normal”, apostaEle lembra que a barriga de aluguel literal, ou seja, mediante pagamento, é comum em outros países, o que evitaria a clandestinidade“O pano de fundo da proibição é a questão moral”, acredita.
Nos Estados Unidos, a legislação varia conforme o estadoNa Califórnia e na Flórida, por exemplo, o comércio é permitido Na Europa, vários países vetam o procedimentoAlguns casais brasileiros já contrataram barrigas de aluguel nos Estados Unidos e na Índia, onde há clínicas especializadas no procedimento
“Temos de estar atentos ao clamor da sociedade, mas essa questão tem a ver com o lado afetivoNão pode ser uma decisão econômica”, defende o médico José Hiran Gallo, coordenador da Câmara Técnica de Reprodução Assistida do CFMEle lembra que a resolução do conselho federal iria se tornar um marco histórico, abrindo espaço para a validação da relação homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal, no ano passado“Nesta próxima reunião, vamos cercar um pouco melhor a questão do útero de substituição para casais homoafetivosOs geneticistas estão empolgados, mas temos de lembrar que a homologação dos casos tem de passar por uma equipe multiprofissional de psicólogos, assistentes sociais e de médicos Precisamos saber há quanto tempo esse casal homossexual está vivendo junto, pois a decisão poderá afetar uma criança que não vai saber quem é o pai e a mãe”, observa
Substituição
Além da adoção de crianças, a barriga de aluguel é a única forma que os homossexuais teriam de gerar um filho, contando com a ajuda da mãe ou da irmã de um dos parceiros envolvidos no relacionamentoEles se utilizam do útero de substituição para receber o óvulo de um banco de óvulos, inseminado artificialmente por um dos parceiros.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) já teria autorizado cinco pedidos de empréstimo de útero a casais gays, sendo o primeiro do país a adotar tal medidaEm Minas, o CRM barrou o pedido de um homossexual que, em abril, deu entrada com o pedido para gerar o filho no útero da mãe