Jornal Estado de Minas

Temporada de escorpiões deixa alerta para os mineiros

Somente este ano, 22 pessoas já morreram por picadas do animal em Minas. Os escorpiões geralmente atacam pés e mãos e se escondem onde há insetos, que servem de alimento

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

- Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press

A chegada do mês de outubro traz uma alerta para a população em relação os cuidados com um animal perigoso, o escorpiãoNesse período, o Hospital João XXIII registra, em média, 100 atendimentos de vítimas de picadas, conforme dados da Unidade de ToxicologiaO hospital é referência no atendimento desses casos em Belo HorizonteOs números de morte provocadas pelo escorpionismo em todo o estado preocupamEm 2012, o balanço parcial aponta para 22 óbitos e no ano passado foram 32 mortesEm dois anos, 81 pessoas morreram em Minas por causa da picada

Veja o infográfico

O escorpião é um bicho sorrateiro que deve ser combatido com a manutenção de ambientes limpos e eliminação de entulhosEles comem insetos, principalmente baratas, e se multiplicam nos locais onde há alimentoDe acordo com o coordenador do Serviço de Toxicologia, Délio Campolina, as crianças são mais sensíveis às alterações provocadas pelo veneno, por isso é muito importante a urgência no antedimento.”Tem que ficar atento e não perder tempo com medidas caserias, vá direto onde tem o soro”, afirma

Segundo o médico, as pessoas picadas apresentam náuseas, taquicardia, vômitos e suor excessivoOs sintomas são provocados pela liberação de adrenalina e outras substância no corpo, em decorrência do veneno
O quadro mais grave, geralmente em crianças, pode evoluir para edemas pulmonares que provocam a morteÉ importante que o local de atendimento tenha além do soro, um suporte avançado com capacidade para entubação.

Nos adultos, em 90% dos casos o sintoma é apenas dor no local picadoOs escorpiões geralmente atacam pés e mãos, pois se escondem nas roupas e sapatosSegundo o médico, sempre que possível as pessoas devem recolher e levar o animal que picou para o hospital, desde que isso não atrapalhe a urgência do atendimentoSegundo ele, a identificação da espécie ajuda no diagnóstico e nas ações de zoonose

Notificação

O Serviço de Toxicologia do João XXIII notifica a Secretaria de Saúde sobre todos os paciente picados por escorpiões que entram na unidadeOs endereços onde ocorreram da picada são informados para que as equipes de vigilância epidemiológica possam visitar e tomar medias preventivasGeralmente, os técnicos visitam o local, orientam moradores e verificam se há um foco de escorpiões na rua

Campolina alerta que com calor e o início do período chuvoso, os bichos saem de seus esconderijos e picam com mais frequênciaColocar ralos nos banheiros e telas em janelas pode ajudar a conter o animal, no entanto a medida mais importante é a limpeza e eliminação de insetos


Infestação em Varginha

Em Varginha, no Sul de Minas Gerais, os escorpiões estão invadindo o cemitério municipalDe março a julho deste ano, foram recolhidos 3,5 mil aracnídeos no local e outros 500 em casas vizinhasO Setor de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) está usando uma nova técnica para capturar os bichos e chega a recolher entre 60 e 70 animais por dia

Os escorpiões passaram a ser recolhidos à noite, horário em que saem para comerDe acordo com o coordenador do setor, José Donizeti Souza, os técnicos usam um equipamento que emite luz negraA equipe faz uma ronda nos cantos de túmulos, locais onde há muitas baratas que atraem escorpiões, pois servem de alimento para elesA luz bate no aracnídeo que aparece verde e vira alvo fácil para captura Os animais são recolhidos, colocados em caixas e seguem de carro para o Instituto Butantan, em São Paulo, onde são usados na produção de soro antiescorpiônico

De acordo com José Donizeti, em Varginha, 12 pessoas foram picadas pelo escorpião este ano na cidade, mas ninguém morreuEle acredita que a técnica de captura vai ajudar a caçar os aracnídeos, mas admite a dificuldade de eliminar o animal que gera quase 100 filhote por ano

(Com informações de João Henrique do Vale)

Veja a reportagem da TV Alterosa em Varginha: