De acordo com as regras da ABNT, o ruído de fundo de até 40 decibéis (dB) é considerado confortável, enquanto o limite aceitável é de 50 decibéis, segundo estabelece a norma NBR 10.152, de 1987, ainda em vigorEntretanto, o nível de barulho em algumas escolas da capital chega a 70dB, o que pode trazer problemas de saúde para professores, com desenvolvimento de doenças de fala e audição, e prejuízo no aprendizado dos alunos, que não conseguem se concentrar e têm o desenvolvimento cognitivo prejudicado.
A explicação para tamanha barulheira está dentro da própria escolaDe acordo com o professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em acústica Marco Antônio Vecci, os prédios onde funcionam as escolas não foram projetados para reduzir os impactos do som externo, seja do trânsito, da movimentação dos alunos ou de um evento esporádico, como uma obra, por exemplo
De posse de um sonômetro – aparelho que faz a medição dos níveis de ruído –, o Estado de Minas conferiu o volume do barulho em duas escolas da rede pública municipal de Belo Horizonte: o Colégio Marconi, que não tem tratamento acústico; e a Escola Municipal Paulo Mendes Campos, que desde 2006 tem as salas de aula isoladas acusticamenteO Colégio Marconi funciona em prédio erguido em 1937, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul da capitalA construção, com elementos arquitetônicos do estilo art déco, típicos da época, foi feita com materiais nobres, como mármore e metais de qualidade e, durante muito tempo o barulho não foi problema para quem estudou lá.
Trânsito intenso
Entretanto, com o crescimento da capital e o aumento do número de veículos em circulação, manter o barulho do lado de fora tornou-se inviávelHoje, a realidade é complicada“O prédio está em uma região de trânsito intenso, bem em frente à Avenida do Contorno
Depois de 13 anos funcionando cercada pelo barulho intenso do trânsito, a Escola Municipal Paulo Mendes Campos, localizada na Avenida Assis Chateaubriand, no Bairro Floresta, na Região Leste de BH, conseguiu em 2006 o tão esperado tratamento acústico, o que transformou a realidade de professores e alunosAntes da intervenção, o nível de ruído nas salas de aula chegava a 77dBAtualmente, os índices estão dentro dos limites considerados toleráveis, de 45 decibéis nas salas próximas ao pátio e de 50dB nos ambientes mais próximos da avenida, por onde circulam diariamente milhares de carros, motocicletas e ônibus.
“O barulho era insuportávelAtrapalhava os professores no dia a dia e deixava os alunos agitados”, afirma o diretor da unidade, Antônio Augusto Horta LisaNa reforma, as janelas de estrutura metálica e vidro, estilo basculante, foram retiradas e o espaço foi preenchido por tijolos de vidroParedes e teto também receberam forro com tratamentoAtualmente, o barulho só incomoda nos corredores e no pátio, onde a medição alcançou 85 decibéisA algazarra dos alunos e o rock n’ roll que saía das caixas de som no horário do intervalo contribuíram bastante para chegar a esse volume.
Enquanto isso...
..Sem tumulto, mas no calor
A obra para implantação do isolamento acústico na Escola Municipal Paulo Mendes Campos resolveu o problema do barulho causado pela proximidade com o trânsito da Avenida Assis ChateaubriandNo entanto, não foi feita a climatização das salas de aula, o que trouxe outra dificuldade: o calorVentiladores foram instalados para diminuir a temperatura nas salas de aula, mas os equipamentos se transformaram em uma fonte geradora de barulhoSomente agora a prefeitura está instalando aparelhos de ar-condicionado em todas as salas da unidade escolar