Jornal Estado de Minas

Falta de água fecha escolas em Espinosa

Luiz Ribeiro

Barragem que abastece cidade está com apenas 12% da capacidade - Foto: Haroldo Martins dos Santos/Divulgação/Copasa



Escolas obrigadas a suspender as aulas, postos de saúde e clínicas odontológicas sem condições de funcionar e moradores desesperados, sem saber a quem recorrerEsse o drama enfrentado em Espinosa, de 31,1 mil habitantes, a 730 quilômetros de Belo Horizonte, no extremo Norte de Minas, por causa da falta de águaDevido à seca, a Barragem de Estreito, que abastece o município, está com apenas 12% de sua capacidadePor isso, o abastecimento foi interrompido.

Devido à falta de água, nos últimos dois dias as escolas de Espinosa não funcionaramO atendimento em postos de saúde e nas unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) também ficou comprometidoO envio da água pela tubulação está suspenso desde quinta-feiraNo fim de semana, muitos moradores não sentiram o problema porque ainda tinham estoques armazenados nas caixas d’água

A situação se agravou anteontem, quando praticamente todos os reservatórios das casas, lojas, repartições públicas e outros estabelecimentos secaramCaminhões-pipa, que até eram usados para o atendimento das comunidades rurais, tiveram que ser deslocados para a sede do municípioPorém, foram insuficientes para abastecer todo mundo, priorizando o atendimento ao hospital municipal, creches e órgãos públicos como o fórum e a delegacia de polícia

Como o nível da Barragem de Estreito (distante oito quilômetros da área urbana) diminuiu muito, no ponto onde é feita a captação de água para abastecer a cidade o reservatório está praticamente seco
Por isso, a Copasa anunciou a montagem de uma força-tarefa para o deslocamento da captação para outro ponto, a 1,5 mil metros abaixoDe acordo com o gerente da Copasa em Espinosa, Aroldo Martins Santos, na noite de anteontem já começou a captação no novo ponto e está sendo feito todo o esforço para que a água retorne às torneiras da área urbana até hoje.

Em nota distribuída ontem, a empresa informou, que, mesmo com a normalização do abastecimento, “continua realizando campanhas educativas para que a população faça uso racional da água, evitando o desperdício neste período de seca.” Neste ano, o semi-árido mineiro enfrenta uma das piores secas da históriaPor causa dos efeitos da estiagem, já foi decretada situação de emergência em 122 municípios do estado

Há praticamente sete meses que não chove no município, que decretou estado de emergência em 17 de fevereiroO drama da estiagem, conforme mostrou reportagem do Estado de Minas, começou a se agravar em maioCerca de 80 comunidades rurais estão sendo abastecidas por 17 caminhões-pipa contratados pela prefeitura, Exército e CopasaA água é “apanhada” em uma barragem em Porteirinha, a 105 quilômetros de EspinosaMas, como os caminhões-pipa são insuficientes para atender tanta gente, o jeito foi adotar o racionamento

Em toda casa visitada, é feita a entrega de 20 litros por cada integrante da famíliaExistem localidades distantes até 100 quilômetros da sede, o que complica mais ainda a situação: há famílias que precisam esperar mais de 20 dias para o retorno do caminhão-pipa