Jornal Estado de Minas

Morre, aos 70 anos, o cenógrafo mineiro Raul Belém Machado

Raul estudou arquitetura na UFMG, foi professor dos principais cursos de arte de Belo Horizonte e passou a maior parte de sua carreira trabalhando no Palácio das Artes

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Raul Belém Machado, nascido em Araguari, se tornou um mestre das artes cênicas de Minas - Foto: Renato Weil/EM/D.A Press

Morreu nesta terça-feira, aos 70 anos, o cenógrafo mineiro Raul Belém MachadoEle estava internado no Hospital Previdência (Ipsemg) há alguns dias para tratamento de câncerRaul nasceu em Araguari, no Triângulo Mineiro, e estudou arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)Se tornou mestre das artes cênicas de Minas mudando o conceito de cenário e figurino com sua força produtivaProfessor dos principais cursos de arte de Belo Horizonte,  Raul entrou em cena no fim dos anos 1960 para trazer novas tendências para o Brasil

Antes dele, as roupas para a cena vinham de casa e os móveis eram emprestados ou doados por artistas e amigosQuando se formou em arquitetura, Raul Machado criou cenário da montagem Procura-se uma rosa, de Gláucio Gil, sob a direção de Carlos Alberto RattonEm seguida, ambientou espetáculo dirigido por Rogério Falabella: Geração em revolta, de John Osborne

A partir do encontro com o Teatro Experimental (TE), de Jota Dangelo, emendou um trabalho no outro e deu projeção ao profissional de cenário e figurino no tablado nacionalO trabalho e dedicação reconhecidos em Raul estão no livro - O arquiteto da cena, lançado pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, em 2009A edição faz parte da memória do Palácio das Artes, principal palco da capital mineira, onde Raul passou a maior parte de sua carreira



O diretor, ator e dramaturgo Pedro Paulo Cava disse que não há palavras para definir a perda com a morte de Raul“Para mim, particularmente, é uma perda dolorosa, porque foi meu companheiro desde os anos 60Ele começou um pouco antes de mimÉ difícil perder um grande amigo e parceiro, pois fizemos tudo juntosPara a cenografia, figurino e arquitetura mineira é um perdaÉ difícil até avaliar o que o Raul representava para as coisas que foram feitas nos últimos 45 anos nessa área”

Em nota, a Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais e a Fundação Clóvis Salgado lamentaram a morte de Raul“Dentre inúmeras e importantes contribuições para as artes, destaca-se sua atuação à frente do Centro Técnico de Produção da Fundação Clóvis Salgado (CTP), onde foi coordenador artístico e criou cenários e figurinos inovadores e marcantes para a profissionalização do teatro no EstadoSua contribuição para a Fundação Clóvis Salgado teve amplo e inesgotável alcance.”

O governador Antonio Anastasia também se manifestou “As artes mineiras perdem um de seus grandes valores, que com criatividade e ousadia contribuiu para o desenvolvimento e reconhecimento de Minas Gerais para além de nossas montanhasA seus familiares levo a solidariedade de todos os mineiros
Seu legado servirá para aplacar a dor de seus parentes e amigos neste momento de tristezaEm sua arte ele viverá."

O velório de Raul será no Funeral House, na Avenida Afonso Pena, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, a partir de 14hO sepultamento será às 16h30 no Parque Renascer Cemitério e Crematório, em Contagem