O Coren vai além e culpa a falta de capacitação pela piora dos serviços“O excesso de instituições de formação de profissionais de enfermagem trouxe gente menos capacitada para atuar nessa área tão sensível”, afirma o vice-presidente do conselho, professor Lúcio José VieiraUm dos processos que podem ajudar a barrar o ingresso de profissionais pouco qualificados no mercado é a criação de um exame específico para o exercício da atividade“Estamos nos mobilizando nacionalmente para viabilizar issoSeria como a Ordem dos Advogados do Brasil, que só permite que advogue quem passa no exame da instituição”, disse Vieira.
Os presidentes dos dois conselhos afirmam que os profissionais atuam em número insuficiente para a demanda que recebem e que isso os expõe a maior probabilidade de erros“Há procedimentos cirúrgicos que precisam de mais enfermeiros para instrumentação e auxílio, mas os hospitais não respeitam isso, expondo a categoria a uma piora na prestação do serviço, devido à sobrecarga”, afirmou o vice-presidente do Coren.
Ainda pequeno demais para entender exatamente o que aconteceu, o garoto Alan Breno Castro Novais, de 2 anos, que recebeu por via oral ácido em vez de sedativo, mostra para a mãe as cicatrizes deixadas pelo tratamento equivocado
Secretaria questiona dados
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) de Belo Horizonte minimiza o aumento das internações por erros e falta de condições no acolhimento em saúde, ainda que ele seja admitido por representantes das próprias categoriasA pasta responsável pela administração dos hospitais e postos de saúde da capital considera que “os dados obtidos pelo sistema do Ministério da Saúde são frágeis, porque muitas vezes não retratam a patologia que motivou a internação”, ou seja, não definiriam qual a doença que levou a pessoa ao atendimento médico.
A secretaria argumenta que “nem todas as internações registradas como complicações são causadas por erro médico”, sendo que algumas são “estatisticamente esperadas, inerentes ao próprio procedimento ou às condições do paciente”, o que não esclarece as falhas de equipamentos, assepsia e troca de medicamentos, entre outros aspectos.
Todas as internações hospitalares em Belo Horizonte, de acordo com a secretaria, são auditadas pela Supervisão Hospitalar e quando há alguma suspeita de desvio ético, o supervisor encaminha à Auditoria Assistencial da secretaria para conhecimento, apuração e envio ao Conselho Regional de Medicina, órgão responsável pela apuração de erro médico.
A pasta afirma que monitora as internações e as reinternações por complicações de cirurgias eletivas, sendo esse um indicador para o repasse adicional que é pago pelo Fundo Municipal de Saúde como incentivo para essas cirurgias
O Hospital da Baleia informou que deu toda a cobertura ao bebê que recebeu leite materno em vez de soro, mas que não ajuda mais a família, já que os pais passaram a cobrar assistência por meio jurídicoA enfermeira que acidentalmente trocou as substâncias não foi demitida, por ter 28 anos de trabalho e muitos elogios, mas é investigada pela Polícia Civil e pelo Coren Procurado, o Hospital Infantil São Camilo não respondeu à reportagem.
Memória
Minas tem altas taxas de erros
O caso das duas crianças que foram internadas em BH por receberem medicamentos trocados refletem a situação do estado, um dos que mais têm registros de complicações na assistência à saúde e erros médicos que culminam em internações e mortes, segundo registros do Sistema Único de Saúde (SUS)Em 18 de abril, o Estado de Minas mostrou que, na comparação com estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal, Minas Gerais tem proporcionalmente mais registros de imperícia A taxa de erros mineira é de 1,16 caso por 100 mil habitantes, quantidade 3,4 vezes superior à fluminense; 2,3 vezes maior que a de São Paulo; e 1,5 vez mais elevada do que a do Distrito Federal e da BahiaO levantamento do SUS, relativo a 2011, considera como complicações objetos estranhos deixados no corpo de paciente, hemorragias em cuidados cirúrgicos, falta de assepsia, medicamentos contaminados, erros de dosagem, entre outros
Minas tem altas taxas de erros
O caso das duas crianças que foram internadas em BH por receberem medicamentos trocados refletem a situação do estado, um dos que mais têm registros de complicações na assistência à saúde e erros médicos que culminam em internações e mortes, segundo registros do Sistema Único de Saúde (SUS)Em 18 de abril, o Estado de Minas mostrou que, na comparação com estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Distrito Federal, Minas Gerais tem proporcionalmente mais registros de imperícia A taxa de erros mineira é de 1,16 caso por 100 mil habitantes, quantidade 3,4 vezes superior à fluminense; 2,3 vezes maior que a de São Paulo; e 1,5 vez mais elevada do que a do Distrito Federal e da BahiaO levantamento do SUS, relativo a 2011, considera como complicações objetos estranhos deixados no corpo de paciente, hemorragias em cuidados cirúrgicos, falta de assepsia, medicamentos contaminados, erros de dosagem, entre outros