Jornal Estado de Minas

PMs são acusados de agressão em Arcos

Paula Sarapu

Jovens dizem que foram espancados por sete policiais militares - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press


A Polícia Militar abriu inquérito para apurar denúncia de agressão envolvendo policiais militares do município de Arcos, no Centro-Oeste do estadoAs vítimas, um jovem de 27 anos e seu sobrinho de 17, procuraram o Ministério Público e a Polícia Civil para contar que sofreram até sessões de choqueLevados para dentro do quartel, um deles diz que foi obrigado a tirar a roupa e ficar de joelhos no banheiro, enquanto apanhavaA Corregedoria da PM foi acionada e acompanha o caso Sete policiais estariam envolvidosComo o efetivo da cidade é pequeno, o comando da unidade decidiu não retirar os militares acusados das ruasCom medo das ameaças, a família dos jovens procurou ontem a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O caso ocorreu em 11 de agostoAs vítimas, o funcionário de uma empresa de cimento J.S.S., de 27, e o menor que trabalha como auxiliar de mecânico R.A.D., contaram que caçavam tatu em um lote vago, por volta das 22h, quando uma viatura da PM teria se aproximado com faróis e giroflex apagadosOs dois teriam se assustado e corridoJcontou que dois policiais os algemaram e perguntaram por armas escondidas no terreno
Os PMs teriam chamado mais duas viaturas e os quatro policiais que chegaram mais tarde teriam acompanhado as agressõesA Polícia Civil abriu inquérito para investigar abuso de autoridade e tortura, segundo o delegado regional Edilberto Tadeu.

“Eles jogaram a gente no chão e algemaramDeram chutes no estômago, socos na cara, tapas no ouvido e colocaram a arma dentro da minha bocaDeram choques nas nossas mãos e na virilha do meu sobrinhoQuanto mais eu pedia para não baterem nele, porque ele é menor de idade, mais eles agrediamOs outros só seguravam, pisavam no meu calcanharDeram choques na virilha do meu sobrinho e disseram que ele não ia poder ter filho”, conta J., que não tem passagem pela polícia e apresentou carteira assinada há oito anos pela empresa onde trabalhaO menor cursa o 2º ano na Escola Estadual Dona Berenice de Magalhães Pinto e é empregado de uma oficina mecânica.

Je Rforam atendidos no Hospital Municipal de Arcos e um médico atestou as escoriações causadas pelas supostas agressões físicas
Os dois registraram ocorrência na 22ª Delegacia de Arcos, no dia 14No dia 11, porém, os três policiais militares já haviam registrado a abordagem, argumentando que se tratava de um crime de caça de espécies da fauna brasileiraEm depoimento, os PMs dizem que Je Rnão obedeceram à ordem de parar e que um deles carregava nas costas um objeto que aparentava ser uma espingardaApenas a mochila, a faca, a lanterna e os óculos de grau do menor foram apresentados na delegaciaSegundo os policiais, eles conseguiram deter a dupla depois que os jovens caíram numa ribanceiraAs escoriações e roupas rasgadas, de acordo com os policiais, foram ocasionadas pela queda.

O Ministério Público determinou que a PM também investigue o caso e a promotora Rosilei Fátima Borges confirmou as lesõesComandante do Batalhão de Formiga, que é responsável pela companhia de Arcos, o major Antônio Pereira Neto disse que recebeu denúncia apenas contra dois policiais da equipe que estava de plantão e que eles continuam trabalhando por causa do efetivo reduzido na cidadeO oficial informou que há câmeras instaladas no quartel, para assegurar a segurança da unidade, e que o oficial que apura as denúncias irá solicitar as imagensJá o comandante da companhia de Arcos, capitão Wellington Levy Teixeira, admitiu que alguns dos PMs já responderam a outros processosEle não quis informar quantos e nem os motivos.