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Estado de Minas

Insegurança nas travessias de ferrovias

Governo tenta retomar o transporte ferroviário no país, mas não cobra soluções para 1,6 mil cruzamentos em Minas. Imprudência causa mais dois acidentes na Grande BH com seis feridos


postado em 21/08/2012 06:00 / atualizado em 21/08/2012 06:41

Feridos após colisão de coletivo com uma composição em Betim, quatro passageiros foram socorridos no Hospital Regional e em unidade de atendimento imediato(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Feridos após colisão de coletivo com uma composição em Betim, quatro passageiros foram socorridos no Hospital Regional e em unidade de atendimento imediato (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Enquanto o governo federal traça projetos para retomar o transporte sobre trilhos e ampliar a malha ferroviária, como prioridade inclusive no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), maquinistas e motoristas ainda travam uma batalha em cerca de 1,6 mil passagens de nível em Minas. E por falta de solução para esses pontos críticos da faixa de domínio dos trens, eles ainda precisam conviver com o risco de acidentes a cada travessia. Somente na manhã de ontem, dois ônibus foram atingidos quando tentavam atravessar cruzamentos de vias públicas com linha férreas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Seis pessoas ficaram feridas.

O primeiro acidente ocorreu em Betim, às 6h45, quando um ônibus da Viação Santa Edwiges se chocou com uma composição de 84 vagões carregados de milho que seguia de Araguari, no Triângulo Mineiro, para o Complexo Portuário de Tubarão (ES). A outra batida, no Bairro Nova Cintra, em Belo Horizonte, foi às 7h15, quando um ônibus da linha 206 (Circular Oeste) com 15 passageiros foi atingido por um tem que chegava à capital, vindo do Porto de Aratu, na Bahia. Os seis vagões estavam carregados de magnesita.

Em Belo Horizonte, o acidente ocorreu no cruzamento das ruas Jorge Carone e Jornalista João Bosco. Segundo a Polícia Militar, o motorista do ônibus da Viação Zurick, Daniel Fernando da Silva, de 30 anos, teve a visão ofuscada pelo sol e não viu que se aproximava da travessia. “Ele contou que quatro veículos estavam à frente e conseguiram atravessar. Quando ele entrou na passagem de nível não viu o trem porque teve a visão atrapalhada pelo sol. Ele acelerou, mas ainda assim teve a traseira do veículo atingida”, afirmou o soldado Pablo Soares Santos, do Batalhão de Trânsito da PM (BPTran). O maquinista Leonardo Fernandes de Lima, de 34, relatou à polícia que já trafegava em velocidade reduzida, indicada para o trecho, e buzinou normalmente para alertar motoristas. Ele disse que, quando viu o ônibus, tentou frear, mas não conseguiu parar a locomotiva.

Conforme o policial, há sinalização vertical instalada no local, mas não há guaritas, cancelas ou agentes para fechar o trânsito de veículos diante da aproximação dos trens. “Há placas de sinalização de parada obrigatória, de cruzamento perigoso com linha férrea e uma terceira de alerta com orientação ao motorista para parar, olhar e escutar.” Cássia Cipriano, de 32, e Flávia Alessandra Gomes de Oliveira, de 36, passageiras do ônibus, ficaram feridas e foram levadas pelo Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII com dores pelo corpo e escoriações. Os dois veículos estavam com documentação regular e foram liberados.

SEM ESPAÇO Em Betim, quatro pessoas ficaram feridas em um acidente envolvendo um trem e um ônibus no Bairro Betim Industrial. O coletivo da linha 313 seguia pela Rua Marginal, paralela à linha férrea, quando o motorista fez a conversão à esquerda para entrar na Rua Vale do Paraopeba, ignorando sinais de que o trem estava próximo. Mesmo acelerando, o motorista não conseguiu concluir a ultrapassagem da passagem de nível, e o trem, que seguia em direção à capital, atingiu a traseira do ônibus.

Segundo passageiros, cerca de 10 pessoas estavam no ônibus e foram arremessados para frente. Wanderson Rosa Batista, de 19, estava no fundo do coletivo. “Tentei correr, mas fui arremessado. Com um amigo foi mais grave e parece que ele fraturou o braço”, conta.

De acordo com a Polícia Militar, quatro pessoas ficaram feridas, todas levemente, exceto um rapaz com suspeita de fratura, levado ao Hospital Regional. Os outros foram para uma Unidade de Atendimento Imediato.

O Palio de placa HAR 5475, de Ibirité, vinha no sentido oposto e parou antes da passagem de nível. Segundo passageiros, o carro teria fechado a rua, impedindo que o ônibus de completar a passagem. O condutor do Palio, Ricardo Ribeiro Lima Cardoso, 28 anos, acredita que o motorista do coletivo não tenha tido tempo para atravessar.

A rua se estreita perto da passagem de nível e não tem espaço para os dois veículos. “O Palio quis evitar o quebra-molas e veio na contramão, fechando a pista e por isso o ônibus não conseguiu passar”, explica o eletricista José Arimatéia Rodrigues Faleiro, de 50, que teve parte do muro da casa derrubada pelo ônibus. “Essa é a quinta vez que algum veículo destrói meu muro. Nem sempre é por causa dos trens, mas sempre é irresponsabilidade dos motoristas.

Empresa garante que maquinistas apitaram

De acordo com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), nos dois casos os maquinistas acionaram a buzina para alertar os motoristas, conforme o padrão, e acionaram os mecanismos de frenagem em emergência. Os trens, contudo, não pararam a tempo, uma vez que as composições estavam carregadas e precisariam de mais de um quilômetro para frear completamente. A FCA disse que o serviço de emergência da empresa esteve no local para atender os passageiros.

A empresa disse que as circunstâncias dos dois acidentes estão sendo apuradas e esclarece que os locais são dotados de toda a sinalização exigida por lei e que as regiões também recebem periodicamente campanhas de segurança para alertar motoristas sobre a importância de transpor os cruzamentos com segurança.


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