Jornal Estado de Minas

Assaltos a taxistas crescem 51%

De janeiro a julho foram 173 ataques a motoristas de táxi em BH, contra 114 no mesmo período do ano passado

Thiago Lemos
Era madrugada de quarta-feira quando o taxista Marcelo Heleno da Cunha, de 32 anos, foi trancado no porta-malas do carro em que trabalhava depois de ser rendido e roubado por dois homens armados que embarcaram na Avenida Augusto de Lima, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte
O drama vivido pelo motorista é mais um para engrossar as estatísticas de crimes contra esses profissionais na capital, que continuam em expansãoDe janeiro a julho, o aumento no número de ocorrências foi de 51% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Nos sete primeiros meses, de acordo com dados divulgados pela Polícia Militar, 173 taxistas foram assaltados em BH, contra 114 ataques registrados em 2011Segundo o presidente do sindicato da categoria, Dirceu Efigênio, as estatísticas da PM não retratam a realidade“São dados subnotificadosMuitos motoristas deixam de registrar a ocorrência de assalto por conta da demora no atendimento nas delegaciasMuitos relatam que chegam a esperar até cinco horas para conseguir um boletim de ocorrência”, diz o sindicalista.

Diante dessa situação, o presidente do Sincavir afirma que o medo faz parte da rotina dos cerca de 12 mil profissionais que trabalham diariamente nas ruas de BHEle acrescenta que a maioria dos assaltos é praticada por usuários de drogas, que aproveitam a vulnerabilidade dos taxistas para conseguir dinheiro e comprar crack ou maconha com o fruto dos assaltos“Os motoristas andam com pouco dinheiro, em média R$ 100Isso não atrai um criminoso comum, apenas viciados”, acreditaO taxista Marcelo, que ficou preso por uma hora e meia no porta-malas, teve R$ 350 levados pelos assaltantes.

Para tentar diminuir essa modalidade de crime, a Polícia Militar vai pôr em prática uma nova estratégia
Na semana passada foi anunciado que os locais onde são feitas operações policiais na capital serão divulgados com antecedência aos taxistasAssim, o motorista que se sentir inseguro ou desconfiar de algum passageiro poderá se dirigir a um dos pontos onde a polícia estará presente, para que o passageiro seja abordado e identificado.

O coronel Rogério Andrade, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), explica que os taxistas terão acesso ao mapa das blitzes feitas diariamente e assim saberão onde buscar proteçãoAcrescenta que o objetivo da estratégia é garantir a segurança desses profissionais, que ficam vulneráveis quando atendem um passageiro“A intenção é criar a referência de onde a polícia vai estar, melhorando prevenção de crimesSabendo disso, os motoristas saberão onde pedir ajuda”, informa o militar.

CORREDORES DE SEGURANÇA
A estratégia para os taxistas faz parte da Operação Corredores de Segurança, implantada há um mês, com policiamento ostensivo 24 horas em 64 vias da cidade, com o objetivo de criar caminhos seguros para a população quando ela se desloca entre as regiões de BHEm cada região são oito pontos de blitzesAs vias onde essas ações ocorrem serão modificadas periodicamente, e as mudanças serão discutidas entre a PM e o sindicato dos taxistas, que poderão sugerir melhorias na estratégia policialA maneira como os locais das blitzes serão informados aos taxistas está sendo discutida e uma das possibilidades é criar na sala de operações um canal exclusivo para os motoristas profissionais.

No volante até 12 horas por dia, taxistas avaliam de maneira positiva a nova estratégia adotada pela PMVítima de três assaltos, Luiz Augusto Ferreira, de 55, já sentiu na pele a sensação de ficar sob a mira de armas e ter o dinheiro que sustenta a família levado por bandidos.

Trabalhando de 10h até o início da madrugada, ele se sente inseguro principalmente à noite, apesar de revelar que um dos assaltos ocorreu durante o dia“Sabendo das operações, eu poderia seguir até um ponto onde a polícia estivesse
Isso me traria mais segurança e poderia tirar a dúvida quanto a um passageiro de forma discreta, sem gerar uma situação constrangedora com as pessoas de bem.”