Jornal Estado de Minas

Melhorias no metrô de BH podem demorar quase quatro anos

CBTU anuncia compra de 10 trens e diminuição do intervalo entre as viagens no horário de maior demanda, mas admite possibilidade de conclusão do projeto só daqui a 43 meses

Guilherme Paranaiba

Atualmente, a composição em Belo Horizonte, que serve a única linha de metrô existente na capital (Vilarinho/Eldorado), com 28 quilômetros de extensão, é composta de 25 trens - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press. Brasil



Reduzir o intervalo entre viagens no horário de pico para três minutosEssa será a realidade, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), em Belo Horizonte, assim que a frota de 25 trens que leva 215 mil passageiros todos os dias entre as estações Vilarinho, em Venda Nova, e Eldorado, em Contagem, tiver mais 10 composiçõesO edital que prevê a contratação de novos trens para todo o país já está pronto e deve ser publicado nos próximos diasNo entanto, o novo superintendente da CBTU em BH, Nilson Tadeu Ramos Nunes, admite que, depois da publicação, o projeto pode demorar até 43 meses, ou três anos e meio, para ser concluídoA compra prevista para Belo Horizonte está avaliada em R$ 211 milhões e, além de diminuir o intervalo no pico, pode possibilitar que mais vagões sejam acoplados às composições, aumentando a oferta de lugares para os passageiros, de acordo com a empresa

“De imediato, a compra de carros vai aumentar a oferta em 50%Mas a ideia é aumentar em 100%, mudando de quatro carros por trem para oito no pico As estações já foram dimensionadas para esse tipo de operação, mas ainda serão necessários alguns ajustes”, diz Nilson Tadeu Ramos Nunes, no cargo desde o dia 3Segundo ele, o reforço da linha 1 é a primeira ação de sua gestão, pois o gargalo de passageiros nos horários de pico é muito grande e precisa de melhorias.


Atualmente, a composição em Belo Horizonte, que serve a única linha de metrô existente na capital (Vilarinho/Eldorado), com 28 quilômetros de extensão, é composta de 25 trensCada trem possui quatro carros de passageiros, sendo dois motores e dois reboquesNo horário de pico, segundo a CBTU, os intervalos entre as viagens variam de quatro a sete minutos

Com a aquisição das 10 composições, o tempo de espera vai cair para três minutos de intervalo entre a passagem de um trem e o próximoAinda será possível operar com composições maiores, que podem ser de oito carros, dobrando a oferta para os passageiros.


Usuário do metrô de segunda a sexta-feira para se deslocar até o trabalho, e eventualmente nos fins de semana, para ir até a Arena Independência, o analista de sistemas Ricardo José Ferreira Zannato, de 34 anos, espera um melhor atendimento nos horários de pico há anos“Entrar em um dos vagões do metrô no fim da tarde é impossível, fica lotadoE o fato de ficar tão cheio também significa um calor insuportávelPrecisamos de mais conforto com muita urgência”, afirma ZannatoEle é morador do Bairro São Paulo, Nordeste de BH, trabalha na Cidade Industrial, em Contagem, na Grande BH, e por isso o transporte mais viável é o metrôZannato mora próximo à Estação Minas Shopping e trabalha perto da Estação Cidade Industrial“É um sistema muito rápido, mas não é porque é mais veloz que temos que nos sujeitar a condições insalubres”, desabafa o analista de sistemas.


Plano de ação

 
Há menos de um mês no cargo, Nilson Tadeu Ramos Nunes, que foi cedido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para exercer a nova função de superintendente da CBTU na capital, afirma que pretende implementar algumas medidas à frente do órgão“A principal prioridade é a Linha 1 e a adequação da demanda à capacidadeTambém pretendo estreitar os laços da empresa com a UFMG, por meio de duas parcerias que vão contribuir para a evolução técnica do órgão”, explica Nunes.

Segundo ele, uma das iniciativas é um programa de capacitação de profissionais, desde a base do sistema até o topo, ou dos mestres de linha até os engenheiros ferroviários

“Precisamos repor o conhecimento que sai do processo com as aposentadorias e capacitar cada vez mais todos os envolvidosAs pessoas passam nos concursos, mas, muitas vezes, não entram com a capacitação adequada, tanto no nível médio quanto no superior”, diz o superintendente


O outro programa que ele pretende adotar em BH para se tornar um exemplo para todo o país é de desenvolvimento tecnológico na UFMG“Somos altamente dependentes de tecnologia externa quando o assunto é o transporte metroferroviárioTemos uma universidade preparada que se encontra entre as melhores no ramo das patentesA ideia é começar desenvolvendo pequenos componentes e evoluir para todo o sistema,” acrescenta.

Alerta para gargalos na expansão

O novo superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em Belo Horizonte, Nilson Tadeu Ramos Nunes, reforça os alertas já feitos pela empresa com relação aos projetos de expansão do metrô divulgados pela Trem Metropolitano SA(Metrominas), empresa criada pelo governo estadual para desenvolver e implementar os novos projetos Nunes acha muito complicada a implementação das linhas 2 (Barreiro/Calafate) e 3 (Savassi/Lagoinha) como vem sendo divulgado Para ele, a ligação Barreiro/Calafate é um caminho que ficaria pela metade, além de jogar em um sistema que já sofre com gargalos uma demanda muito grande de passageiros vindos do Barreiro


“O Barreiro é uma região importante e é um de nossos objetivos dentro do contexto da Linha 1Mas ainda estamos levantando todos os projetos antigos para saber o que é viável ou não”, diz o superintendenteAinda segundo ele, uma das possibilidades é criar um ramal que conecte a região à já existente linha 1Sobre a conexão subterrânea prevista para ligar Savassi e Lagoinha, ele aponta problemas“É complicado pensar nesse trecho dessa forma, por conta da manutençãoComo seriam levados os trens até o pátio do São Gabriel para reparos ou consertos?”, acrescenta o professor


Parceria

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), a Metrominas foi criada com o objetivo de ser o novo órgãos gestor do metrô na Grande BH, em parceria com a iniciativa privadaDe acordo com a Setop, ficou acertado que a linha 1 será transferida do governo federal para o estadual e a operação de todo o sistema ficará a cargo da nova empresa.