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Estado de Minas

Adeus à cadeira de plástico na nova Savassi

Bares e restaurantes da recém-revitalizada Praça Diogo de Vasconcelos, no Centro-Sul da capital, ficam obrigados pela prefeitura a adotar um mobiliário padrão de madeira


postado em 15/08/2012 06:00 / atualizado em 15/08/2012 07:09

Cadeiras e mesas em desacordo com as novas regras terão que ser retiradas dos quarteirões fechados da Savassi. Normas só valerão após chamamento público que convocará interessados em servir clientes ao ar livre(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Cadeiras e mesas em desacordo com as novas regras terão que ser retiradas dos quarteirões fechados da Savassi. Normas só valerão após chamamento público que convocará interessados em servir clientes ao ar livre (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

A Prefeitura de Belo Horizonte decreta o fim das cadeiras de plástico e de abusos como buracos furados no piso dos quarteirões fechados da Praça Diogo de Vasconcelos, a Praça da Savassi. Foi publicada ontem no Diário Oficial do Município (DOM) deliberação que estabelece um padrão de mesas e cadeiras a ser adotado pelos bares, restaurantes e cafés das ruas Antônio de Albuquerque e Pernambuco. Ao adotar modelos de madeira e dobráveis, a tentativa da prefeitura é de tornar o espaço recém-revitalizado mais elegante. Mas a proposta foi recebida com desconfiança e rejeição por frequentadores de um dos redutos do charme da Região Centro-Sul e está longe de ser consenso entre os donos de estabelecimentos.

As novas regras só passarão a valer a partir de um chamamento público que convocará interessados em servir clientes ao ar livre e dividirá o espaço disponível entre os estabelecimentos, definindo o local exato que deve ser usado por cada um, conforme prevê o Decreto 14.917, publicado em junho. A administração municipal ainda não definiu quando dará início ao licenciamento, mas adianta que haverá multa para quem não se adequar ao padrão. Bares, restaurantes e cafés deverão adotar mesas e cadeiras dobráveis, com assento, encosto e tampo de madeira ipê ou peroba, além de estrutura de ferro. Os guarda-sóis deverão ter formato quadrado e tecido náutico na cor fendi – um tom de creme (veja arte).

Segundo nota da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, o modelo “interfere o mínimo na leitura do espaço, evitando abusos e poluição visual”. O texto também é claro ao proibir “qualquer tipo de dano ao piso dos quarteirões fechados”, numa regra que parece ter nome e endereço: a Creperia Albuquerque, na Antônio de Albuquerque, na esquina com Rua Alagoas. Conforme o Estado de Minas denunciou em junho, o estabelecimento furou, sem autorização da prefeitura, três buracos no piso do calçadão para apoiar ombrelones (guarda-sóis em tamanho GG) que cobrem as mesas ao ar livre do estabelecimento.

A Regional Centro-Sul informou que a creperia já foi notificada e que deverá reparar os danos, assim que os ombrelones forem substituídos pelo novo modelo exigido. A reportagem foi duas vezes ao estabelecimento, conversou com o gerente e outras três pessoas que indicaram o vereador Léo Burguês de Castro (PSDB) como o responsável pelo empreendimento. Apesar disso, o parlamentar informou que, no fim de semana, recebeu uma boa proposta pelo negócio, deixou de ser sócio do restaurante e não responde mais pela creperia.

SEM CONSENSO Em meio à diversidade de modelos de mesas e cadeiras hoje espalhados pela Savassi, floresce a divergência. Sentados às mesas da Livraria e Cafeteria Status, Andréia Menezes e Lucas Silva, ambos com 25 anos, discordam da necessidade de uniformizar o mobiliário. “Se padroniza, vira tudo a mesma coisa. Cada estabelecimento tem um formato diferente”, defende Andréia. O estabelecimento investiu mais de R$ 12 mil em modelos ergonômicos de alumínio e PVC. “A clientela quer conforto e acho que não precisava engessar a ponto de todos terem o mesmo modelo”, afirma o gerente da casa, Gustavo Batista, na expectativa de mais definições sobre quando as medidas começam a valer.

Já o dono do Café Três Corações, Francisco Miranda, aplaude a iniciativa e está ansioso para conhecer de perto os novos modelos. “Tem que ter um padrão. À noite, principalmente, é horrível aquele monte de cadeira de plástico. Esperamos que o modelo seja confortável e prático. Vai ser bom para a gente, porque poderemos nos juntar e comprar os conjuntos de mesa e cadeira por um preço mais baixo”, afirma. Dono do Croassonho, Augusto Castro acabou de investir em móveis, mas está conformado com a troca, embora tenha optado por modelo semelhante ao solicitado. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, diz.

O presidente da Associação de Moradores e Amigos da Savassi (Amas), Alessandro Runcini, que é também diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas da Savassi, afirma que o padrão da prefeitura deveria prezar pela qualidade e não pela estética. “Há mesas de demolição e cadeiras muito bonitas em alguns restaurantes e isso não pode ser motivo para os comerciantes serem penalizados. A prefeitura deve exigir um padrão básico, proibindo, por exemplo, aquelas cadeiras das marcas de cerveja”, argumenta.

Presidente da Associação de Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora Teixeira de Souza afirma que, mais que a padronização, é preciso cuidar da disposição das mesas e cadeiras nos calçadões e evitar abusos. “O excesso de mesas e cadeiras tem dificultado a circulação de pessoas, atrapalhado a vitrine de algumas lojas. É tanto mobiliário que o cliente mal consegue chegar à loja”, afirma.


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