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Estado de Minas

Cirurgias de redução do estômago dobram no SUS

Mesmo sem tecnologia e rapidez da rede privada, saúde pública de Belo Horizonte tem aumento de 100% nas reduções de estômago desde 2009. Mas, para diminuir fila, oferta teria que ser ainda maior


postado em 08/08/2012 06:00 / atualizado em 08/08/2012 06:47

Tendência ao excesso de peso está em alta entre a população brasileira. Especialista adverte que a cirurgia bariátrica representa risco e deve ser evitada(foto: Beto Novaes/em/d.a press %u2013 7/3/07)
Tendência ao excesso de peso está em alta entre a população brasileira. Especialista adverte que a cirurgia bariátrica representa risco e deve ser evitada (foto: Beto Novaes/em/d.a press %u2013 7/3/07)
A corrida pela cirurgia bariátrica e metabólica na capital, estimulada nos hospitais particulares por uma técnica menos invasiva, se repete na rede pública de saúde. Em tempos de sedentarismo e fast food, o Sistema Único de Saúde em Belo Horizonte tem expectativa de aumentar em 100% o número de operações para redução do estômago este ano, na comparação com 2009. A estimativa é de que as estatísticas de 2012 fechem com 96 cirurgias nos dois hospitais credenciados da cidade, o dobro da quantidade feita há quatro anos. Apesar do aumento, o serviço sofre com filas, falta de hospitais credenciados e uma grande demanda vinda do interior, além de não oferecer o método mais moderno. Os pacientes fora das salas de cirurgia à espera por uma vaga para operar hoje somam 213 pessoas cadastradas na central de internação do município. Destas, 166 já estão aptas e em fase de pré-operatório. Mesmo assim, ainda vão precisar de paciência. Depois de passar por uma longa etapa, que pode durar até dois anos e meio, ainda têm mais seis meses pela frente até serem submetidas ao procedimento pelo SUS.


Tida como última saída para o tratamento da obesidade, a cirurgia bariátrica e metabólica tem se tornado cada mais procurada entre a população que se rendeu a um estilo de vida que favorece o excesso de peso, como explica a gerente de Regulação e Atenção Hospitalar, Ninon Fortes. “O que a epidemiologia tem mostrado em todo o Brasil é que os índices de obesidade estão em franco aumento, porque estamos tendo uma vida sedentária e hábitos e alimentação pouco saudáveis”, diz. Ainda que seja um procedimento seguro e eficiente no tratamento do excesso de peso, a gerente faz um alerta. “A cirurgia tem indicação clínica e deve ser evitada, porque é uma intervenção de risco que pode gerar complicações para o resto da vida do paciente”, adverte.


Dados do Ministério da Saúde mostram que Belo Horizonte tem 45,3% de sua população com excesso de peso e 14,2% classificada como obesa (veja quadro). Os dados levam em conta o índice de massa corporal, obtido pela divisão entre o peso (medido em quilogramas) e o quadrado da altura (medida em metro). O excesso de peso é diagnosticado quando o IMC alcança valor igual ou superior a 25 kg/m2, enquanto a obesidade é diagnosticada a partir do IMC de 30 kg/m2. Para ter indicação à cirurgia, o paciente deve ter IMC acima de 40 kg/m² , independentemente da presença de doenças crônicas.


Apesar de Belo Horizonte já ter registrado filas de espera maiores em outras épocas, a gerente reconhece que a média de oito cirurgias bariátricas feitas por mês na capital é baixo e cobra dos hospitais credenciados que o total seja pelo menos dobrado. Na capital, estão credenciados desde 2007 o Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG) e a Santa Casa de Misericórdia. “O contrato que temos hoje já prevê o dobro de intervenções, mas o número não está sendo cumprido por questões de organizações interna dos hospitais, que precisam ampliar blocos cirúrgicos, equipes multidisciplinares e leitos de CTI e UTI de retaguarda, entre outras ações”, diz. Conforme Ninon, a secretaria está em processo de negociação com o Hospital Universitário São José, na tentativa de firmar novo credenciamento. “Pretendemos intensificar a conversa. Mas o hospital também precisa organizar melhor suas equipes e se estruturar”, disse.

Mudança

Na avaliação de Ninon, para além de ampliar a oferta de cirurgias na capital, é preciso haver mudança de comportamento em relação aos hábitos de vida. “É preciso sair do lugar do sedentarismo. Temos programas dentro da secretaria que estimulam a prevenção da obesidade e a promoção da saúde, mas a mudança é uma decisão individual”, alerta. A gerente afirma que desde 2009 a prefeitura ampliou de oito para 51 o número de Academias da Cidade, para a prática de atividade física gratuita. Tem estendido também o acompanhamento de pessoas obesas por meio das equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf). Além disso, tem programas de atividades físicas para crianças nas escolas.

 

PESANDO O RISCO

 

As limitações e consequências da redução de estômago

Contraindicações

Limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte adequado da família
Quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas. Quadros psiquiátricos graves sob controle não representam contraindicação
Doenças genéticas.


A vida depois da operação

O paciente deve fazer consultas e exames laboratoriais periódicos no pós-operatório, conforme o tipo de cirurgia e as rotinas estabelecidas pela equipe responsável. Em caso de comorbidades, elas devem ser acompanhadas por especialistas.
Sintomas gastrointestinais podem aparecer após as refeições. Os pacientes predispostos a esses efeitos colaterais devem observar certos cuidados, como reduzir o consumo de carboidratos, comer mais vezes ao dia – pequenas quantidades –, e evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.

Recomenda-se atividade física e complemento de vitaminas. Nas operações abertas, recomenda-se ainda o uso da faixa abdominal.

Embora consideradas raras, complicações da cirurgia incluem infecções, entupimento de vasos sanguíneos, separações de suturas, desprendimento de grampos da cirurgia, obstrução intestinal, hérnia no local do corte, infecções internas e pneumonia.

Os pacientes podem ter incidência de anemia, baixa de cálcio e de vitaminas, que precisam ser controladas por medicamentos.

Pacientes submetidos à cirurgia de duodenal switch podem apresentar reações no pós-operatório, como desnutrição, fezes de forte odor e diarreias, pois a operação privilegia a má absorção de alimentos.

Mitos e verdades

Mito
Em um ano de pós-operatório, o paciente normalmente engorda.
Na maioria dos casos, o ganho de peso ocorre quando o paciente não assume hábitos saudáveis, como a adoção de dieta menos calórica e mais nutritiva e a prática de exercícios físicos regulares.

Verdade
Perde-se mais peso nos primeiros seis meses.
Daí a importância de o paciente seguir com disciplina as recomendações médicas nessa primeira etapa do pós-operatório.

Mito
Quem faz a cirurgia bariátrica fica propenso a alcoolismo, uso de drogas ou comportamento compulsivo para compras.
Não há evidência científica. Quanto à compulsão por compras, pode-se evitar um comportamento desse tipo por meio de acompanhamento psicológico. A evolução histórica das cirurgias mostra que o paciente, ao perder peso, resgata a autoestima e por isso passa a ter prazer em adquirir roupas e outros produtos de uso pessoal.


Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica


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