Jornal Estado de Minas

Metrô de BH busca soluções para conter casos de vandalismo em dias de jogos

No último domingo, dois trens foram danificados durante uma confusão envolvendo torcedores. Polícia Militar alerta a CBTU ao identificar possíveis vândalos, mas pede que a população também denuncie os casos

Cristiane Silva
Desde a reabertura da Arena Independência, episódios de vandalismo vem sendo registrados no metrô de Belo Horizonte em dias de jogos
O último caso ocorreu em 29 de julho, após a partida Cruzeiro x Palmeiras, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série ANa ocasião, segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), dois trens foram avariados após uma briga envolvendo torcedores do time mineiroHouve a retirada do vidro de uma das portas e a quebra de duas janelas das composiçõesNeste domingo, haverá um novo jogo, desta vez contra a Ponte Preta, no fim da tardePara conter novas ações, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), estuda novas formas de prevenção aos atos no sistema de transporteA situação foi discutida em uma reunião entre a companhia e o Batalhão de Polícia de Eventos (BPE).

Os casos ocorrem principalmente na volta do estádio“Normalmente, quando há concentração de torcedores isso acontece, um pequeno dano ou outroNos últimos jogos do Cruzeiro tivemos problemas com uma torcidaTrês janelas foram quebradasNo jogo contra o Flamengo tivemos duas janelas quebradas
Nós começamos a adotar alguns procedimentos, algumas medidas para tentar mitigar esses atos de vandalismo”, explica o gerente operacional de segurança da CBTU, Maurício Silva“Por causa dos problemas no Independência nós temos trocado informações com a polícia para ter um mapeamentoNesse último episódio, quatro torcedores foram conduzidos para a delegaciaEssas ações vão continuarA tendência é buscar responsabilizar pessoas para ter uma ação mais severa, inclusive envolvendo a Justiça”, afirma.

Nos dias das partidas, a CBTU e a PM têm mantido contato para prever possíveis ações e evitar novos problemas como o ocorrido no último domingo“Temos trabalhado tanto na troca de informações como na identificação de possíveis vândalosNo momento do deslocamento da torcida passamos a localização para eles de forma que possam adequar o sistema de segurança e estarem prontos, é uma atuação preventiva”, explica o tenente-coronel Cícero Cunha, comandante do Batalhão de Polícia de Eventos (BPE)

Na reunião com a companhia, realizada na segunda-feira, foram exibidas imagens gravadas pelo circuito interno de segurança do metrô registrando atos de vandalismoNo vídeo foi possível identificar alguns responsáveis e a presença de torcedoresNo entanto, o militar explica que não é possível confirmar a vinculação direta dos episódios às torcidas organizadas
“No último jogo, pelas imagens dava para perceber que havia pessoas com os uniformes da Máfia Azul ou de outra torcida organizada, mas é possível comprar uniformes dessas torcidasÉ justamente esse trabalho (de identificação) que fazemos, juntamente com a Polícia Civil”, dizO BPE é responsável pelo policiamento dentro do estádioA área externa é de responsabilidade do Comando de Policialmento da Capital (CPC) enquanto as outras estações são atendidas pelos batalhões de cada regiãoAinda de acordo com o tenente-coronel, é importante que a população denuncie os atos de vandalismo“É interessante reforçar que a grande maioria das pessoas que usa o metrô é de pessoas de bem, famílias, que não trazem problema algum, mas é uma pequena parcela que tem feito tumultoÉ importante que as pessoas de bem não se sintam à vontade com isso, denuncie, procurem a segurança do metrô”.

Rede

A CBTU pensa em criar uma rede de comunicação direta com diversos órgãos para preservar a integridade dos usuários“Existe uma iniciativa da CBTU envolvendo Bombeiros e Polícia Militar para facilitar essas relações e informaçõesAcho isso essencial porque a segurança do metrô não pode trabalhar sozinha, dependemos muito de órgãos externos e pelo volume de passageiros não podemos pensar que somos absolutosEssa aproximação a qual foi dado o nome de 'rede', essa comunicação quase que exclusiva entre os órgãos é fundamental para agilizar a comunicaçãoEssa ideia já foi cogitada até porque é de conhecimento de todos que tanto a polícia quanto o corpo de bombeiros sofrem com trotesQuanto mais fiel for o contato as ações ficam mais precisas”, afirma Maurício SilvaAinda de acordo com ele, os estudos para implementar as aproximações começaram no ano passadoO objetivo é integrar todos os órgãos que prestam serviços públicos, como o Corpo de Bombeiros, a BHTrans e a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig).

Maurício Silva explica que o total de seguranças no metrô da capital atualmente é de 166 profissionaisNos dias de jogos, há reforço de mais 30 ou 40 profissionais nas estações onde há maior embarque de torcedores: Eldorado, Central, Minas Shopping, Floramar e VilarinhoSegundo ele, a maior preocupação está na segurança nas plataformas, onde há risco queda, seja por algum mal súbito ou um empurrãoDessa forma, os profissionais também atuam auxiliando o embarque e garantindo que os usuários respeitem a faixa amarelaVale lembrar que durante as partidas os usuários comuns também embarcam nas estações mas, por enquanto, a companhia descarta a possibilidade de destinar vagões somente para as torcidas e, em algumas ocasiões, os seguranças costumam embarcar nos trens“Não é política nossa colocar vagões específicos, mesmo porque ela (política) não foi restada ou tentadaNo caso de seguranças dentro do vagão, diariamente fazemos inspeções dentro dos trens e em horários normaisO usuário cativo já identifica qual vagão está lotado e escolhe o seguinte, ou outro tremNa Estação Horto – onde ocorre o embarque e desembarque para a Arena Independência -, há mais seguranças”, explica

Prejuízo

Os trens danificados por vândalos são retirados de circulação para o reparo e substituídos por reservasApesar de não ter relatos de prejuízos expressivos, os casos preocupam a estatal“É uma situação desagradável e causa temor por parte do usuárioSão pessoas que não estão acostumadas com esse comportamento nem a presenciar atos de vandalismoNão posso precisar valores, mas por enquanto os prejuízos têm sido administrados pela companhiaHoje é um pouquinho, mas amanhã pode ser muitoTemos que tomar medidas de prevenção para que isso não se estenda”, afirma.

Maurício conta que já ocorreram problemas envolvendo torcidas no metrô até mesmo em jogos no Mineirão“No passado, quando era o Mineirão, eles vinham para o Centro para embarcar nos trensCom o Independência, eles saem do estádio e vem direto para os trensNa época do Mineirão, houve problemas sérios com a Galoucura e a Máfia Azul, vitimando usuáriosAcredito que isso sempre vai acontecerNós temos que continuar aprimorando os esquemas, melhorando cada vez mais as conversas, a troca de informaçõesA PM já vem fazendo um ótimo trabalho, detendo os mais exaltados e evitando confrontosSe for preciso, nós vamos aumentar a atuação, sempre vamos trabalhar para preservar o patrimônio e proteger os usuários, que ficam indefesos nessas situações.