O equipamento, que na verdade é laranja, guarda dados preciosos, como o áudio entre a tripulação e controladores de voo, parâmetros da aeronave, altitude, aceleração, posição do trem de pouso e controle de tráfego aéreoAs informações ficam armazenadas em placas semelhantes às de computadores, com arquivos de gravadores de voz, que normalmente registram as conversas das duas últimas horas de voo, e de dadosComo em um simulador, essas informações aparecem sincronizadas e possibilitam a reconstituição dos últimos momentos da aeronave acidentada.
Com a aquisição de aparelhos modernos neste ano, o Cenipa agora consegue analisar o conteúdo de caixas-pretas carbonizadas ou submersasNo caso de explosões, é possível recuperar o material até a temperatura limite de 1.100°C por uma hora ou 260°C durante 10 horasNão há prazo para o fim das investigações, cujo objetivo é a prevenção de acidentes aéreosO laboratório brasileiro decodificou 59 caixas-pretas até abrilHá outros dois como ele, no Canadá e nos Estados Unidos.
Segundo o gerente do Aeroporto da Serrinha, em Juiz de Fora, o piloto Jair Barbosa, de 62 anos, e o copiloto Rodrigo optaram pelo procedimento de pouso RNav ou GPS, que inclui o sobrevoo do aeroporto e apresenta pontos de GPS em coordenadas, nos quais a tripulação precisa avisar a posição aos operadores da sala-rádio“Ele avisou onde estava em dois pontos, como determinava a carta de voo
Esse seria o procedimento com maior precisão, com margem de erro de um metro no máximo, de acordo com o piloto Luiz Fernando de Souza, que também é gerente de segurança operacional de uma empresa de táxi aéreo de Belo HorizonteAs outras duas opções – por localizador ou NDB – são igualmente seguras, mas dependem de ondas de rádio, a partir da sintonização da frequência com controladores de vooNo primeiro caso, indicaria o alinhamento da aeronave com a pista; no segundo, a posição do auxílio rádio em terra, como se fosse um “rádio farol”.
Segundo Souza, porém, a baixa visibilidade por causa do teto inferior ao mínimo estipulado para segurança o impediria de ver a pista do aeroporto“Qualquer possibilidade de avistar a pista teria garantido um pouso seguroAquela aeronave é equipada com alarme de proximidade do soloNesse caso, era potência máxima e nariz para cima”, avalia.
BAQUE NA VELOCIDADE
Ele calcula que o bimotor King Air B200 estava voando à velocidade aproximada de 100 a 110 nós, cerca de 190 quilômetros por horaAo bater uma das asas no quiosque, a aeronave teria reduzido velocidade“Há um procedimento técnico e a aeronave cai se voar com velocidade inferior a 85, 90 nós, porque a pressão na asa não é suficiente para sustentá-la no arComo ela ainda atingiu a rede elétrica e árvores, é possível que tenha tido um baque na velocidade, o que provocou a queda em até 10 segundos”, explicou o especialista.
Ontem, os dois motores do avião foram retirados do local bastante avariados e serão periciados por uma equipe da Aeronáutica no RioO aeroporto também cedeu o plano de voo e os mapas com condições climáticas para auxiliar na investigação
ENQUANTO ISSO.....LOCAL DE ACIDENTE É ALVO DE SAQUES
Pessoas não autorizadas entraram na área em que ocorreu a queda da aeronave que transportava funcionários da Vilma Alimentos, em uma chácara próxima ao Aeroporto da Serrinha, em Juiz de ForaAlém de descaracterizarem a cena do acidente, elas levaram destroços do avião, aproveitando a falta de policiamentoNum vídeo feito por um morador vizinho ao local aparecem três homens levando o que restou de um trem de pouso e outro carregando uma peça que não foi possível identificarA análise de todos os destroços é fundamental para que os peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa) identifiquem as causas do acidenteOntem, a Polícia Militar negou que não tivesse vigilância na área e não informou se os homens que aparecem saqueando os destroços foram identificadosNenhuma autoridade envolvida nas investigações quis comentar a invasão do local e os prováveis problemas que isso possa trazer aos trabalhos da perícia.