O aumento do movimento no espaço aéreo e a busca de executivos e empresários por um transporte que permita chegar mais rapidamente aos compromissos coincide com a multiplicação de acidentes com aeronaves particulares em Minas, onde apenas neste mês ocorreram quatro desastres aéreosÉ a metade do total registrado no pior ano para a aviação no estado na última década, 2009, quando houve oito episódiosSegundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) da Aeronáutica, erros de avaliação dos pilotos são a principal causa das ocorrências, representando 58,1% do totalEm todo o país, o número de quedas de aeronaves entre 2010 e 2011 teve aumento de 42,3%, passando de 111 para 158 casosDe acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 10 anos houve 28 problemas com aeronaves apenas nos céus e solo mineiros, desde aves atingidas durante o voo a quedas com morte.
Os dois episódios mais recentes envolveram aviões particulares que voavam em condições climáticas desfavoráveis e caíram, matando 11 pessoasO caso com maior número de vítimas ocorreu sábado, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, e vitimou oito pessoas, entre elas o presidente da Vilma Alimentos, Domingos Costa Neto, de 58 anos, e seu filho, Gabriel, de 14, em episódio que começou a ser investigado ontem pela Polícia CivilEmbora não haja nenhuma indicação de que tenha sido esse o caso no mais recente episódio, é comum que o duelo entre o horário marcado para fechar negócios e garantia da segurança ponha em xeque a relação entre executivos e comandantesEspecialistas afirmam que, em qualquer situação, deve prevalecer a decisão do piloto, mesmo que isso signifique adiar ou cancelar a viagemEste ano, segundo o Cenipa, já são 84 acidentes aéreos no país.
Os dados do órgão da Aeronáutica mostram que as adversidades meterológicas correspondem a 14,2% dos acidentes, ocupando a 11ª posição no rankingProblemas com a manutenção das aeronaves aparecem em 7º lugar, com 20,3% dos casosDos acidentes registrados entre 2001 e 2010 nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, de responsabilidade do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos III (Seripa), quase a metade está relacionada à aviação geral, que inclui aeronaves particulares e jatos executivos, (42,7% dos casos)
Segundo o gerente de Segurança Operacional do ADE Táxi Aéreo, empresa de Belo Horizonte, Luiz Felipe de Souza, que também pilota, as condições meteorológicas são fundamentais para pousos e decolagens segurosEle afirma que o ideal é não arriscar em condições abaixo do mínimo estipulado em lei“O empresário contrata um piloto para mantê-lo vivo e, secundariamente, para chegar ao destinoQuando fecha a porta e liga o motor, a autoridade é do comandanteÉ ele quem resolve e ele é o responsável pelas decisões; nem mesmo a torre ou órgãos de controle podem intervir”, afirma o especialista.
O bimotor King Air B-200, modelo da aeronave prefixo PR-DOC que caiu em Juiz de Fora, tem um alerta sonoro na cabine, acionado quando o avião se aproxima do solo, segundo o especialista“Ela grita ininterruptamente ‘terreno’, ‘cuidado’, ‘suba’, sempre em inglêsÉ um sistema desse modeloSe não tiver ocorrido pane elétrica, o sistema avisou que ele voava muito baixo”, explica o piloto.
Os últimos quatro acidentes
29 de julho
O avião da empresa Vilma Alimentos caiu ao tentar pousar no aeroporto de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira
12 de julho
O avião particular do empresário mineiro Clemente Faria, diretor administrativo do Grupo Minasmáquinas, caiu no mar perto da Ilha de Cataguases, em Angra dos Reis, no Rio de JaneiroA aeronave decolou do aeroporto da Pampulha e encontrou mau tempo, com chuva forte e rajadas de vento na Costa Verde fluminenseTrês pessoas morreram
6 de julho
Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas na queda de um avião de pequeno porte em Espinosa, na Região Norte de MinasO acidente ocorreu próximo ao povoado de Tanque das Pedras, a 60 quilômetros da cidade.
2 de julho
Um monomotor caiu numa fazenda de Prata, no Triângulo MineiroDuas pessoas morreramO avião desapareceu dos radares por volta das 21h e foi encontrado na manhã do dia seguinteHavia 250 kg de pastabase de cocaína, um fuzil calibre 556, um carregador de pistola e munição a bordo