Jornal Estado de Minas

Mulher que xingou menina de "preta e horrorosa" pode pegar três anos de prisão por injúria

O delegado responsável pelo caso vai indiciar por injúria a avó que ofendeu a criança na escola. A pena para o crime pode variar de um a três anos de reclusão e multa. Somente a Justiça vai determinar se será necessária prisão

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

A menina foi xingada dentro do Centro de Educação Infantil Emília, em Contagem - Foto: Euler Júnior/EM DA Press

O delegado Juarez Gomes da 4ª Delegacia de Polícia de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, concluiu o inquérito sobre a denúncia de racismo contra uma menina de 4 anos no Centro de Educação Infantil EmíliaEle vai indiciar por injúria, Maria Pereira da Silva, acusada de invadir a escola e chamar a garota de “negra e preta horrorosa e feia”Maria teria ficado insatisfeita porque o neto dançou quadrilha com a menina negraAinda na tarde desta sexta-feira, o delegado vai enviar o inquérito para a Justiça

O caso foi denunciado pela professora Denise Cristina Pereira Aragão, que pediu demissão da escola porque não houve posicionamento da diretora, Joana Reis BelvinoDenise relatou as ofensas para a mãe da menina, Fátima Viana Souza, que procurou a políciaOutra professora, Irlene Alves de Oliveira, também presenciou o episódioTodas as envolvidas prestaram depoimento durante esta semana e a acusada negou os xingamentos.

O delegado esteve, desde sempre, convicto da atuação por injúria, mesmo com a tentativa da defesa de Fátima Viana em provar crime de racismo“A última testemunha (Irlene) disse que no momento de destempero, a avó chegou a falar que todo preto tem que morrer, mas essa frase não foi repetida pelas outras testemunhas”, relata Gomes

Com o indiciamento por injúria qualificada com utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, conforme o Código Penal,  a punição para Maria Pereira pode variar de um a três anos de prisão e multaSomente a Justiça vai determinar se será necessária prisão ou se ela responderá em liberdade



Segundo relatos da mãe da criança, a festa junina aconteceu em 7 de julhoComo é tradição nas escolas, a filha dançou quadrilha com um colega de salaNo dia 10, a avó do menino foi até a escola e ofendeu a garotaMuito abalada, a criança passou mal no outro dia, mas a mãe só ficou sabendo do caso quando a professora Denise Cristiana comunicou à família