Jornal Estado de Minas

Estado disponibiliza vaga em manicômio para estudante que matou professor na capital

João Henrique do Vale Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Estudante deixou a cadeia na madrugada dessa quarta-feira - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press

 

O estudante Amilton Loyola Caires, de 23 anos, acusado de matar o professor Kássio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos, dentro do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, mal colocou os pés nas ruas e poderá voltar para um tratamento em regime fechadoA Justiça vai avaliar um ofício da Superintendência de Articulação Institucional e Gestão de Vagas (SAIGV) que autorizou a abertura de vaga para o tratamento psiquiátrico para o universitário, considerado agente inimputável, quando não é capaz de responder por seus atos

De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o ofício foi encaminhado para a Vara de Execuções Criminais de Belo Horizonte na tarde dessa quarta-feiraA internação do jovem será feita no Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz, em Barbacena, na Região Central do Estado, até que a vaga definitiva seja liberada

Segundo a assessoria do Fórum Lafayette, o documento da Seds foi juntado ao processo e os autos serão analisados pelo Ministério Público e pela defesa do réuO advogado de Amilton, Bruno Mansur Baratz, disse que só vai se manifestar sobre o assunto quando for comunicado oficialmente, por meio de intimação, sobre a abertura da vaga

A unidade, única no estado especializada em atender criminosos com problemas psiquiátricos, tem capacidade para 160 presosSegundo a Seds, atualmente há um cadastro com aproximadamente 600 pedidos de vagas, que estão sendo reavaliados pois em alguns processos o juiz já autorizou suspensão da medida de segurança, mas não oficiou a SAIG para remover o preso da lista de espera

No Hospital Psiquiátrico e Judiciário Jorge Vaz os pacientes são superviosionados por sete médicos, sete psicólogos, três psiquiatras e três peritosNormalmente, os presos ficam em celas coletivas, mas, em casos específicos, são isolados

O crime

O assassinato do professor ocorreu em 7 de dezembro de 2010

Pouco antes das 19h, Amilton entrou na faculdade e acertou Kássio com uma facada no peitoO estudante fugiu de moto depois do crime, mas acabou preso por militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) quando retornava para casaDurante depoimento, na época das investigações, o estudante contou que saiu de casa armado com uma faca para “dar um susto no professor”

O universitário foi condenado a três anos de internação em julho do ano passadoA decisão do juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes veio depois que o laudo de sanidade mental do acusado que ele é esquizofrênico.

O Juiz titular da Vara de Execuções Criminais, Guilherme de Azeredo Passos, concedeu liberdade ao acusado sob algumas condiçõesO estudante terá de comprovar à Justiça, em 30 dias, a realização de tratamento ambulatorial junto ao Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM)Deverá informar ao juiz o andamento do tratamento e a medicação utilizada, mediante relatórios e receituários médicosDeverá ainda comparecer ao Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental (PAI-TJ) sempre que solicitado, não fazer uso de entorpecentes ou bebidas alcoólicas, e recolher à sua moradia até às 21hAlém disso, qualquer mudança de endereço deverá ser comunicado ao juízo.