Jornal Estado de Minas

Férias: alegria das crianças, desafio para os pais

Com período de descanso que nem sempre coincide com o de toda a família, é preciso malabarismo para manter a rotina de trabalho e ainda garantir diversão para os pequenos

Junia Oliveira

Ana Maria não teve alternativa: leva o filho, Luca, de 8 anos, para o seu trabalho - Foto: Jackson Romanelli/EM/D.A Press

Estojo, cadernos e livros bem guardadosMochila agora só se for para ir ao clube, dormir na casa do amigo e levar os brinquedos durante o passeioDentro de casa, televisão, computador, videogame e muita bagunça agitam o diaAfinal, é tempo de férias e, para se divertir, bastam imaginação e criatividadePalavras para lá de conhecidas dos pais que, em casa ou trabalhando em tempo integral, precisam usar e abusar do malabarismo para cuidar dos afazeres domésticos, se dedicar ao emprego e ainda tornar esse período de descanso o mais agradável possível, sem sair da linhaVale tudo: de fazer rodízio entre familiares para ficar com os pequenos até deixar o filho acompanhar de perto a rotina de gente grandeEm caso de opção pela colônia de férias, é preciso atenção para escolher aquela com atividades que não sejam meramente recreativas.

A advogada Raquel Cezar Mello, de 34 anos, enfrenta o desafio de ter uma programação diversificada para a filha, Gabriela Mello Antonacci, de 3, desde o dia 20 do mês passadoA menina, que estuda numa escola internacional, tem as férias mais longas no meio do ano, pois a instituição obedece ao calendário europeuO jeito é deixá-la na casa da avó, dos tios e contar com a madrinha para ajudar no quesito passeioPor causa da idade da menina, poucas são as colônias de férias que a aceitam e, por isso, vaga somente depois de vencer a lista de espera.

Raquel trabalha em casa, mas, além de Gabriela, ela tem ainda o bebê Tiago, de apenas 7 meses, o que dificulta qualquer atividade externa“Meu marido também é autônomo, então, antes, viajávamos quando queríamos

Íamos a todos os lugares com ela sozinha, mas com os dois é impossível”, contaComo a mãe gosta de teatro, Gabriela assiste a peças infantis na companhia dela, enquanto o pai, que prefere cinema, fica com o irmãoDepois, é hora de revezar: cinema com o pai, enquanto o irmão fica sob os cuidados da mãe.

Em casa ela até fica, mas no segundo dia… “Hoje (ontem) mesmo já está perguntando se vamos à casa da avó”, diz a advogadaIr a shoppings com brinquedos próprios para a idade da garota é outra opção“Férias complicam tudo na vida da mãeJá pus no balé e na natação para ocupar o tempo dela, mas, mesmo assim, nesse período, a energia fica toda acumuladaA Gabi tem dificuldade até para comer, pois sai totalmente da rotina”, relataA menina exibe os brinquedos, fala da Cinderela, dos personagens dos desenhos animados, tudo à espera do tão merecido passeio“A escola nessa idade é uma brincadeira e, por isso, ela sente falta.”

RECOMENDAÇÃO

O pedagogo e consultor educacional Guilherme José Barbosa recomenda aos pais inserir na rotina dos filhos atividades lúdico-pedagógicas, como leitura de livros, revistas e quadrinhos para a criança não voltar para a escola fora do ritmo“É preciso introduzir algo com uma função pedagógica
É um agendamento não tão rigoroso, mas necessárioDepois das férias, as escolas têm dificuldade e precisam de um tempo grande para voltar ao ritmo”, afirma.

No caso das colônias de férias, ele diz que é preciso estabelecer horários de leitura, para as atividades de lazer, brincar, alimentar e descansarPara quem não tem condições de pagar uma colônia de férias ou não encontra vagas, a dica é se associar aos vizinhos para criar um espaço, seja no quintal de casa, no condomínio ou no prédio, e contratar um recreador com habilidade para lidar com a criançada.

É hora de ficar junto com o filho

Se as férias dos filhos dão dor de cabeça para os pais, também têm um lado muito especial: a oportunidade de ficar bem agarrado ao filhote“Cabe ao pai criar uma circunstância de agendamento tambémSe ao longo do tempo ele estende a jornada de trabalho, como disciplinar para que nesse período isso seja alterado e possa passar mais tempo com o filho? Percebemos cada vez mais os pais transferirem a questão de educar para a escola, exatamente por essa impossibilidade de acompanhar de perto todos os diasE este momento é bom para resgatar esses laços”, conclui Barbosa.

É o que tenta fazer a empresária Ana Maria Silva, de 44 anosO filho Luca Moreno, de 8, se divide entre a casa do pai, de algum amiguinho e a fábrica de cintos da mãeSem babá em casa, o jeito é ficar com ele no trabalho, enquanto as aulas não voltam“Vou deixá-lo apenas uma semana na colônia de férias, pois acho importante que o Luca fique fora da escola, para descansarQueria deixá-lo na casa da minha mãe, em Patos de Minas, mas ele não gosta de dormir fora de casaPara mim, acaba sendo um momento de ficar com meu filho, sem qualquer tormento, pois ele não dá trabalho”, diz.

Luca se diverte como pode, com os jogos no computador e as revistas em quadrinhos“Gosto mais ou menos daqui (da fábrica) porque só tenho o computador como opçãoDe vez em quando tenho saudade da escola, mas não me importo de ficar aqui”, afirma o meninoE quando está entediado? “Vou para o quintal fazer capoeira” – com a música tocando apenas na cabecinha dele e muita disposição.

PROGRAME-SE


Festival Saci – Sociabilização, Arte e Cultura na Infância
Quando: 14 a 22 de julho
Onde: Sesc Palladium e Teatro Oi Futuro

Estação Brincadeira - Visita Desorientada ao Museu
Quando: 24, 25, 26, 27 e 31 de julho
Onde: Museu de Artes e Ofícios

Oficinas de brinquedos e brincadeiras tradicionais
Quando: 23 a 27 de julho
Onde: Museu dos Brinquedos

Oficinas de jardinagem, colagem e pintura
Quando: 16 a 27 de julho
Onde: Livraria Corre Cutia